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Palanque eletrônico atrai candidatos

Políticos usam programas de rádio e televisão em busca de votos

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Por Redação
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file://imagem/93/garotinho.jpg:1.93.12.2009-09-13.3 De olho numa exposição para além do horário eleitoral gratuito, políticos do Rio que nunca tiveram intimidade com câmeras e microfones estão se aventurando como comunicadores, reservando horários em emissoras regionais de rádio e TV. Eles se aproveitam da falta de regras no período pré-eleitoral para consolidar uma imagem na mídia.Desde agosto, o deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB) é o mais novo apresentador de TV do Rio. Delegado federal e ex-secretário de Segurança Pública, pode ser visto aos domingos no programa De Olho no Rio entrevistando personalidades de diferentes áreas. Na estreia, conversou com um pneumologista sobre a gripe suína. Em outro programa, recebeu na sisuda biblioteca que lhe serve de cenário um cientista político para falar de pesquisas eleitorais. Para conversar com a atriz Rosane Gofman, abandonou o tom solene e se permitiu até contar anedotas. Também fala muito sobre a comunidade judaica, na qual buscou muitos de seus votos em 2006. O programa Eu e Você também cita temas judaicos aos domingos, na CNT, sob a apresentação do deputado estadual Gerson Bergher (PSDB), que é médico, e de sua mulher, a vereadora Teresa Bergher (PSDB). Com a ajuda do jornalista Pedro do Couto, eles fazem comentários breves sobre atualidades, mas dedicam mais tempo e atenção ao elogio de suas iniciativas. "Você está de parabéns, prestou um grande serviço ao povo carioca", disse o deputado a Teresa, num programa em que ela reivindicou a aprovação de um projeto sobre postos de saúde. Embora encarnem comunicadores, Itagiba e o casal Bergher são identificados nas legendas como "deputado" e "vereadora". O deputado federal Otávio Leite (PSDB) ataca de locutor nas noites de segunda-feira. Dedica o programa Cidadão Rio, na rádio Canção Nova AM, a pessoas com deficiência. Advogado, mistura entrevistas com ativistas, casos de superação e canções religiosas. Toma o cuidado de não falar de seu mandato, mas não evita o elogio dos convidados. "Nunca vi um político se interessar por essa causa como este homem", disse a líder de um trabalho de atenção a crianças deficientes no último programa de agosto.Outro que se arriscou nas ondas do rádio foi o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), que quer concorrer ao governo estadual em 2010. Paraibano, o ex-líder estudantil chegou a apresentar o programa Nação Nordeste na rádio Metropolitana AM, no início deste ano, para aumentar sua identificação com os migrantes nordestinos, mas já saiu do ar. Já o deputado estadual Altineu Cortes, que concorreu pelo PT à Prefeitura de São Gonçalo no ano passado, investe no estilo jovem para entrevistar, nas tardes de terças e quintas, personagens curiosos, como um sósia de Roberto Carlos.O rádio e a TV foram os meios do casal Garotinho para se manter em evidência após deixar o Palácio Guanabara, mas a comunicação já era a profissão dos dois ex-governadores antes da política. Rosinha (PMDB) teve uma atração de variedades na TV Bandeirantes do Rio em 2007, antes de se eleger prefeita de Campos dos Goytacazes em 2008. Já Garotinho (PR) mantém há dois anos um programa diário de três horas na Rádio Manchete AM. A filha do casal, a vereadora Clarissa Garotinho (PMDB), segue o estilo do clã e, aos sábados, comanda até um karaokê com os ouvintes.Para a procuradora regional eleitoral do Rio, Silvana Batini, políticos buscam projeção no rádio e na TV inspirados em trajetórias como a de Garotinho, que saiu de um estúdio no interior para a cadeira de governador. O exemplo mais recente é o do deputado estadual Wagner Montes (PDT). Ex-jurado de Sílvio Santos, foi eleito em 2006 a reboque de seu programa policial na TV Record. No ar diariamente, chegou a liderar pesquisas para prefeito e governador."Quem faz o caminho inverso é porque verificou que a ocupação desses espaços de mídia é altamente lucrativo do ponto de vista eleitoreiro", avalia Silvana, admitindo a tênue fronteira entre a prestação de contas do mandato, que é tolerada, e a apologia pessoal com objetivo de conquistar votos. "Temos de analisar caso a caso", diz a procuradora. Como só é possível caracterizar abuso ou mau uso de meios de comunicação para inelegibilidade em ano eleitoral, muitas infrações acabam sem punição. "No Brasil, o abuso compensa", lamenta.Entre radionovelas e quadros populares, Anthony Garotinho distribui prêmios no rádio e alfineta o governador Sérgio Cabral (PMDB), lembrando obras de seu governo. As transmissões ao vivo de praças do subúrbio e de cidades da Baixada viram atos de desagravo a ele, que é pré-candidato ao governo. Ele também recita mensagens religiosas na Rádio Melodia.A postura chamou a atenção da procuradora, que representou contra Garotinho por propaganda antecipada, o que o ex-governador nega. "Ele fala expressamente de seus feitos, diz que fez e que vai fazer mais. Faz promessas, caracterizando pedido de voto futuro", disse Silvana.

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