Planalto diz que Bolsonaro não pretendia criticar carnaval ao compartilhar vídeo obsceno

Em nota, assessoria diz que presidente quis “caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia e a crítica saudável”; Vice, Mourão não comenta episódio

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - O Palácio do Planalto negou que o presidente Jair Bolsonaro teve intenção de “criticar o carnaval de forma genérica” ao compartilhar um vídeo obsceno e associá-lo aos blocos de carnaval. Em nota, o Planalto afirma que Bolsonaro quis “caracterizar uma distorção clara do espírito momesco, que simboliza a descontração, a ironia, a crítica saudável e a criatividade da nossa maior e mais democrática festa popular”.

No texto, a assessoria do Planalto diz que o vídeo postado na rede social do presidente possui cenas que escandalizaram não só Bolsonaro, mas grande parte da sociedade. “É um crime, tipificado na legislação brasileira, que violenta familiares e as tradições culturais do carnaval”, diz outro item da nota sobre o vídeo.

Presidente Jair Bolsonaro postou vídeo de sexo nas redes sociais Foto: Joedson Alves/EFE - 28/2/2019

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Na publicação, divulgada na terça-feira, Bolsonaro afirmou que “é isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”. E recomendou que seus seguidores comentassem e tirassem suas conclusões.

Hoje, o presidente fez nova publicação na qual questionou “o que é Golden shower?”, que significa a prática de envolver urina na relação sexual. A nota foi divulgada após forte reação negativa, inclusive da imprensa internacional.

Mourão evita comentar vídeo: “Não sou ventríloquo do presidente”

Fugindo da postura usual, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, evitou comentar a polêmica em torno do vídeo compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro. “Sem comentários”, reagiu Mourão sobre o assunto em três momentos. Ele afirmou, ainda, que não é “ventríloquo” do presidente. “Não vou comentar o que eu não sei. Não sou ventríloquo do presidente”, reagiu.

Diante da insistência de jornalistas, Mourão minimizou o impacto negativo das publicações feitas por Bolsonaro. E negou que o caso possa respingar na tramitação de propostas relevantes no Congresso, como a reforma da Previdência. “Isso morre amanhã. Está morto amanhã. Tudo passa”, disse Mourão. 

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Questionado sobre o impacto da série de polêmicas no início do governo e se não poderia aconselhar o presidente sobre o assunto, ele disse que não cabe o aconselhamento neste momento. Ele destacou que os dois possuem idades semelhantes e que são contemporâneos da academia militar.

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