Pais vão à Justiça contra Casa de Saúde São José

Os bebês, nascidos há pouco mais de um ano, apresentaram problemas sérios na região umbilical e correram risco de vida. Hoje passam bem, mas ficaram sem a marca do umbigo

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro famílias cujos filhos recém-nascidos tiveram infecções graves depois de ficar internados na Casa de Saúde São José, uma das mais conceituadas do Rio de Janeiro, estão processando a clínica. Os bebês, nascidos há pouco mais de um ano, apresentaram problemas sérios na região umbilical e correram risco de vida. Hoje passam bem, mas ficaram sem a marca do umbigo. Os bebês nasceram entre os dias 27 e 29 de novembro de 2001. O primeiro caso foi detectado pela médica Tânia Brandão Rios, mãe de Isadora, uma das crianças que, após terem recebido alta da clínica, tiveram quadro grave de infecção no umbigo. Além de Isadora, outros oito recém-nascidos que estavam na maternidade da casa de saúde tiveram o mesmo problema. O diagnóstico, à época, foi de onfalite aguda, doença que pode evoluir para necrose muscular e levar à morte. Mas, até hoje, a causa da infecção é desconhecida. As famílias acreditam que o problema tenha sido causado pelo uso de um produto trocado ou um procedimento equivocado por parte das enfermeiras. Segundo pediatras ouvidos pela reportagem, o umbigo só é importante enquanto a criança está na barriga da mãe. Depois do nascimento, a função é estética. Nenhum funcionário foi afastado do cargo por causa do incidente, apesar de um ex-empregado que não quis se identificar ter comentado que o uso de um material de limpeza no lugar do álcool hospitalar utilizado para limpar os umbigos das crianças pode ter causado as infecções. Os bebês ficaram internados por mais dois meses no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), em estado delicado, segundo o advogado que defende quatro das famílias, Sérgio Mannheimer. "O que eles fizeram foi antiético. De lá para cá, a clínica nunca passou informações para os pais, ofereceu assistência ou procurou saber como os bebês estavam. E ainda cobrou dos planos de saúde as despesas com as internações", disse Mannheimer. As famílias pedem indenização no valor de 300 salários-mínimos (R$ 63,3 mil) por danos morais e outros 300 por danos estéticos às crianças. E ainda 300 salários para cada pai e mãe, por danos morais. O processo, que está em fase inicial, corre na 19ª Vara Cível do Rio. A Casa de Saúde São José - que, segundo Sérgio Mannheimer, será citada esta semana - informou que fechou sua maternidade dois dias depois de os primeiros casos terem sido notificados, por decisão própria da direção. A Vigilância Sanitária vistoriou as instalações em seguida e não detectou indício de infecção, segundo o diretor técnico, Eduardo Gouvêa. Ele classificou o episódio de "fatalidade". "Já fizemos 2,2 mil partos depois disso e não houve mais problemas", afirmou. O Conselho Regional de Medicina (Cremerj) informou que só pode abrir sindicância para apurar o que houve na clínica caso seja feita denúncia formal. A clínica fica no Humaitá, zona sul do Rio, e é freqüentada por famílias de classe média e classe média alta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.