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País tem modelo de desenvolvimento ultrapassado, diz Marina

Ex-ministra diz que modelo é do século XIX e defende proposta que proteja ativos ambientais e biodiversidade

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Por Redação
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A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou nesta segunda-feira, 19, em entrevista à rádio Eldorado que é preciso mudar o modelo de desenvolvimento do País. "Precisamos passar de um modelo ultrapassado do século XIX para o novo modelo do século XXI, em que se viabiliza o desenvolvimento com a proteção dos ativos ambientais, recursos hídricos, florestas e biodiversidade", disse. Marina, que volta ao Senado após o feriado, disse que o maior obstáculo que enfrentou no cargo foi criar uma política ambiental integrada (transversal), que trabalhe as propostas de desenvolvimento com diferentes ministérios e setores da sociedade.   Veja também: Ouça a íntegra da entrevista à rádio Eldorado  Reação à renúncia 'disfarça erros' de Marina, diz 'FT' Antes de Minc, governo já estudava Exército na Amazônia Minc defende Forças Armadas em parques e reservas da Amazônia Veja os ministros que deixaram o governo Lula  Especial: Amazônia - Grandes reportagens  Saiba quem é Carlos Minc, chamado para o lugar de Marina Do seringal ao ministério: a trajetória de Marina    A ex-ministra diz que deixou o Planalto com a sensação de ter feito tudo o que estava a seu alcance e, sem citar nomes, atribuiu sua saída à falta de sustentação para fazer as mudanças que deviam ser feitas. "Embora tenhamos feito mudanças significativas quanto à tendência de desmatamento em 2008", afirmou. "Tivemos grandes conquistas e talvez uma das maiores foi sair de um patamar de desmatamento da Amazônia de 27 mil km2 para 11 mil km2. Patamar que ainda precisa ser reduzido significativamente", continuou.   Marina não quis dar sua opinião sobre a escolha de Mangabeira Unger para o comando do Plano da Amazônia Sustentável (PAS). Lula teria dado a responsabilidade do PAS ao ministro de Assuntos Estratégicos sem consultá-la e isso teria sido a gota d' água para Marina deixar o ministério.    A ex-ministra disse ainda que resolveu deixar o cargo porque acreditava que a atitude poderia criar "um novo acordo político para que o presidente Lula e o novo ministro (Carlos Minc, ex-secretário do Meio Ambiente do Rio) encontrassem sustentação na sociedade. "Às vezes achamos que tem de mover essa ou aquela pedra para que as coisas comecem a andar. E fica difícil pensar que a pedra pode ser você mesmo. Aí você sai e cria uma movimentação", disse.   Marina rebateu ainda as críticas de atrasos no licenciamento ambiental em sua gestão. "Saímos de 145 licenciamentos em 2003 para 230 por ano. Isso é altamente significativo", afirmou. Ela explicou que antes as licenças eram dadas com mais flexibilidade na qualidade e hoje há mais exigências. "E muitos não querem cumprir as exigências para aumentar a qualidade".   Nesta segunda-feira, o novo ministro Carlos Minc reúne-se com Lula e irá apresentar 10 propostas. A principal delas é a idéia de usar o Exército para proteger as unidades de conservação e reservas extrativistas na Amazônia. Adotar metas de desmatamento e criar centros de biotecnologia de ponta para estudar a biodiversidade da floresta também constam da lista.   Em entrevista ao Estado na edição do último domingo, Marina fez uma autocrítica com relação ao segundo mandato do presidente Lula. Acha que, se fosse considerada a média do que se produziu nestes um ano e cinco meses, o resultado ao fim de 2010 "seria pífio". Ela admitiu ainda que a entrada das hidrelétricas na Amazônia é um processo irreversível, já que é a maior bacia hidrográfica do País.      

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