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País só teve 'partidos verdadeiros' durante a ditadura, diz Temer

Para vice-presidente, Arena e MDB espelhavam setores da população, algo que não acontece com as legendas atuais

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Por Redação
Atualização:

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), voltou a defender o sistema eleitoral apelidado de distritão, proposto por ele e rejeitado pela Câmara dos Deputados em votação recente. Pelo sistema, os candidatos mais votados são eleitos para o Legislativo, independentemente de partidos ou coligações. Temer rebateu anteontem, durante palestra para advogados em São Paulo, a ideia de que o distritão enfraqueceria as legendas e criticou as mais de 30 siglas existentes hoje no País. "Só tivemos partidos verdadeiros no País no sistema autoritário", disse, após pedir licença aos jornalistas e enfatizar que sua fala não era uma defesa da ditadura. Segundo o vice-presidente, ele fazia apenas uma constatação de que Arena e MDB representavam setores da população, algo que não acontece na atualidade. "Os partidos políticos perderam toda e qualquer identidade. Se vocês se dessem ao trabalho de examinar os 32 estatutos, iam ver que são mais ou menos iguais. Ninguém é contra educação, saúde, segurança", afirmou. Sobre os pontos da reforma política votada ao longo do mês, o vice-presidente disse que, ao rejeitar alterações, os deputados também estão legislando. 'Ofensa'. Integrante da Assembleia Nacional Constituinte que promulgou a Constituição em 1988, o peemedebista argumentou que a regra do coeficiente eleitoral, em vigor hoje no Brasil, é "uma ofensa constitucional". O argumento de Temer é que, no sistema atual, os votos não têm o mesmo peso, como manda a Carta Magna. Ele admitiu, porém, a impossibilidade de se contestar a norma constitucional. Temer criticou ainda o voto distrital, outra medida rejeitada pelos deputados, sob o argumento de que ele "apequena a função de um deputado federal". "O deputado se transformará num representante daquela região, e só daquela região. O pensamento não será mais em nome do povo brasileiro. Esta não é a função que tipifica a atividade do deputado." / JOSÉ ROBERTO CASTRO

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