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País se livrou de um apagão hoje

Por Agencia Estado
Atualização:

O País se livrou nesta quarta-feira de um apagão como o que atingiu 10 Estados e o Distrito Federal, no dia 21 de janeiro. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou a queda de dois circuitos das linhas de transmissão de energia que ligam as subestações de Ivaiporã e Itaberá, as duas no Paraná, e Itaberá e Tijuco Preto, em São Paulo. Nesta última subestação houve desligamento de um transformador. As três falhas são consideradas pelos técnicos como uma contingência tripla, capaz de provocar um blecaute, mas o sistema absorveu o impacto, evitando a interrupção no fornecimento de energia. Esse tipo de problema ocorre uma ou duas vezes por mês, conforme explicou um técnico do setor. Desde o apagão do dia 21 de janeiro, o ONS está adotando um novo sistema de segurança. A manutenção das linhas de transmissão de energia, nos sistemas mais carregados, somente está sendo autorizada nas situações em que há garantia de que o fornecimento não será interrompido mesmo com a queda de outras duas linhas. A decisão foi tomada inicialmente por 15 dias pelo ONS. Esse prazo foi estendido até 15 de março pela Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE). O presidente da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), ministro Pedro Parente, disse que o prazo de vigência do novo sistema de segurança do setor elétrico poderá ser prorrogado em meados de abril, até que o grupo, criado para estudar as causas do apagão e propor medidas para evitar novos blecautes, conclua o estudo. "Para autorizar a manutenção você tem que garantir que as linhas que ficam serão capazes de garantir o atendimento do sistema mesmo que outras duas caiam por razões involuntárias", disse Parente. A queda de duas linhas foi a causa do apagão do dia 21 de janeiro. Naquela ocasião, das seis linhas que partem da hidrelétrica de Ilha Solteira, em São Paulo, duas estavam desligadas para manutenção. Com a queda de outras duas, o sistema entrou em colapso, provocando o desligamento em cadeia, o que é chamado pelos técnicos de um evento N-2. No País, a maioria dos sistemas de fornecimento de energia está preparada para a queda de apenas uma linha, chamado de N-1. "Tem região que não agüenta nem N-1", disse o presidente do ONS, Mário Santos, referindo a áreas com poucas linhas de transmissão, como o Norte e Nordeste. Neste caso, é necessário interromper o fornecimento de energia, assim a manutenção é feita nos fins de semana. "Isso tem uma administração cuidadosa do ONS. Ele reprograma as manutenções, não é que as elas deixam de ser feitas", explicou Parente. Tanto o ministro, quando o presidente do ONS, reconheceram que o novo critério aumenta o custo de operação e consequentemente pode impactar as tarifas, mas não souberam quantificar essa elevação. Com a intenção de aumentar a confiabilidade do sistema, o governo pretende licitar, com prioridade, novas linhas de transmissão, como a que ligará Londrina, no Paraná, a Campinas ou Araraquara, em São Paulo. Essa linha aumentaria em 1.000 MW a transferência de energia do Sul para o Sudeste. A previsão é a de que essa linha entre em operação em 2005. Atualmente a capacidade de repasse entre as duas regiões é de 3.000 MW. Outra linha, já em fase de construção, ligando Bateias, no Paraná, a Ibiúna, em São Paulo, acrescentará a transferência de outros 1.000 MW. Os pontos mais críticos no Estado de São Paulo são Araraquara e Ilha Solteira. A concentração de geração no Estado também é outro ponto que demanda cuidados por parte do Operador. São Paulo concentra a geração de 20 mil MW médios, enquanto que a carga total do subsistema Sudeste/Centro-Oeste é de 26 mil MW médios.

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