Pai adotivo de Pedrinho pode ter sido enganado, suspeita polícia

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Por Agencia Estado
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A Polícia Civil do Distrito Federal vai ouvir, provavelmente na terça-feira, os depoimentos de Jorge Borges e Cleonisia Amélia de Oliveira, respectivamente filho e ex-mulher do fiscal de renda Osvaldo Borges, pai adotivo do adolescente Osvaldo Júnior, o Pedrinho, seqüestrado há 16 anos em um hospital de Brasília. Um dos objetivos é confirmar se a empresária Vilma Marins Costa, mãe adotiva do rapaz, escondeu de Osvaldo - com quem viveu até outubro deste ano - a procedência de Pedrinho. Para a família Borges, Vilma simulou uma gravidez e o fiscal morreu sem saber que a criança não era dele. O contato entre a polícia do DF e a família Borges foi feito na semana passada. O delegado Hertz de Andrade Sanchez deve chegar terça-feira a Goiânia, onde Vilma também será ouvida. A empresária passou todo o final da semana escondida em um chácara nas imediações da cidade de Aparecida de Goiânia, onde se reuniu com o advogado Ezizio Alves Barbosa e os filhos, inclusive Pedrinho. Hoje, como na semana passada, as filhas de Vilma utilizaram de artifícios para enganar jornalistas e evitar que a mãe fosse descoberta. "A dona Vilma está bastante abalada com tudo isso", afirma Barbosa, que não revela quais serão os argumentos da cliente durante o depoimento à polícia. Na semana passada, o delegado Hertz Sanchez confirmou em Brasília que a empresária havia, mesmo informalmente, confessado a autoria do rapto de Pedrinho numa maternidade de Brasília, no dia 21 de janeiro de 1986. O advogado de Vilma é lacônico quanto à confissão. "A verdade é relativa", repete Barbosa, ao ser indagado sobre o assunto. O advogado evita comentar as afirmações de parentes de Borges e diz que a cliente quer evitar um bate-boca entre as duas famílias. Na avaliação da família Borges, Vilma pode ter forjado uma gravidez para fazer com que Osvaldo se separasse de Cleonísia de Oliveira. Para justificar o nascimento da criança, Pedrinho apareceu na história, mas o suposto pai adotivo desconhecia a origem do menino. "Meu pai, em hipótese alguma, aceitaria uma situação como essa", diz Jorge Borges, filho mais velho de Osvaldo. Segundo ele, duas das irmãs - Maria Cristina e Júnia - ficaram no hospital com o pai até a morte e, caso ele soubesse de tudo, teria revelado às filhas. "Ele era uma pessoa rígida e honesta", disse Jorge. No depoimento, tanto Cleonísia quanto Jorge irão confirmar a suspeita de que Osvaldo não sabia nada sobre o aparecimento de Pedrinho. Muito menos que o menino tinha sido raptado da maternidade em Brasília. Em uma das versões apresentadas anteriormente à polícia, Vilma teria dito que Osvaldo recebera a criança de uma gari. Em uma entrevista na sexta-feira à televisão, Vilma negou que tivesse seqüestrado o filho adotivo e pediu que a gari aparecesse. Sempre se esquivando da imprensa, ao contrário de há alguns dias, antes de sua mãe adotiva aparecer como principal suspeita de seu rapto, Pedrinho só dá entrevistas para emissoras locais, previamente contactadas pelo advogado. Em uma delas, ele afirmou que perdoará Vilma, mesmo que ela seja culpada. No entanto, ele voltou a dizer que acredita que ela é inocente. O rapaz adiou para uma data ainda a ser definida uma visita aos pais biológicos Maria Auxiliadora Braule Pinto e Jayro Tapajós, em Brasília.

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