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Paes enfrentará explosão nas despesas com dívida e pessoal

Estudos da equipe de transição no Rio estimam déficit de até R$ 300 mi

Por Wilson Tosta
Atualização:

Uma explosão de gastos com o pagamento da dívida municipal perante a União e aumentos das despesas de pessoal e custeio além da inflação esperam o futuro prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e ameaçam suas promessas de campanha. Segundo o futuro secretário da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, estudos preliminares da equipe de transição identificaram déficit na proposta orçamentária enviada pelo prefeito Cesar Maia (DEM). O projeto tramita na Câmara Municipal, mas o futuro prefeito quer mudá-lo. "Ainda não são números absolutamente fechados, mas são algo em torno de R$ 200 milhões, R$ 300 milhões (de déficit). Pode ter sido um déficit trilhado a partir da insistência do prefeito em construir a Cidade da Música", afirmou Carvalho ao Estado, referindo-se ao complexo para espetáculos eruditos construído por Maia na Barra da Tijuca, por mais de R$ 500 milhões. O atual prefeito, em viagem ao Usbequistão e Polônia, diz que receitas e despesas estão equilibradas, mas recomenda vigilância sobre as contas por causa da crise mundial. O economista Luiz Mário Behnken, supervisor do Fórum Popular do Orçamento, entidade sediada no Conselho Regional de Economia do Rio, avalia que a administração de Maia já tinha problemas financeiros antes da crise mundial. "É um processo crescente na cidade, com dívida subindo e receitas que também crescem, mas não acompanham", analisa. Segundo ele, Maia, nos últimos anos, manteve investimentos, mas, para fechar as contas, contou com receitas extras. Vendeu a folha de pagamento da prefeitura ao banco Santander Banespa, por R$ 365 milhões, em 2006, e em 2007 recebeu verbas federais para bancar parte dos Jogos Pan-Americanos. De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária de 2009, juros e encargos da dívida, este ano, consumiram R$ 534,8 milhões, e no ano que vem vão para R$ 714,78 milhões - mais 33,63%. A amortização passará de R$ 354,57 milhões para R$ 424,65 milhões, um salto de 19,76%. Ao todo, só com dívida, a cidade vai gastar mais 28,1% - R$ 249,9 milhões -, indo de R$ 889,46 milhões para R$ 1,13 bilhão. De 8,15% do Orçamento de R$ 10,9 bilhões de 2008, a dívida consumirá 9,41% das despesas do município segundo a proposta de Orçamento, com valor total de R$ 12 milhões. Paes já demonstra preocupação com possíveis constrangimentos orçamentários em 2009. "Pedimos que a equipe de transição pudesse participar das discussões sobre o Orçamento do ano que vem", afirmou, após reunião com vereadores eleitos.

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