Padrasto e irmão são suspeitos pela morte de sem-terra

Por Agencia Estado
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Jorge Souza da Silva, 17 anos, sem-terra integrante do acampamento do Engenho Sirigí, coordenado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), no município de Aliança, na zona da mata, foi morto na madrugada desta segunda-feira com golpes e cortes na nuca. O delegado de Aliança, Carlos Veloso, apontou o padrasto do rapaz, Agnaldo Calixto da Silva e o irmão dele Josenildo Calixto da Silva como os suspeitos do crime. Segundo ele, o rapaz saiu de casa no domingo em companhia dos dois, que retornaram à noite sozinhos. Indagado pela mãe do rapaz, Marinalva Bernardo de Souza, disseram que ele havia ficado bebendo e que iam buscá-lo. Saíram por volta das 22h30, depois de pegarem suas foice para capinação e retornaram na madrugada, novamente sem o rapaz. Às 5h30 eles saíram dizendo que iam trabalhar, levando todos os seus documentos. Logo depois, o corpo de Jorge foi encontrado nas proximidades. Marinalva disse ao delegado que em dezembro do ano passado Jorge e Agnaldo se desentenderam e trocaram tapas. Maior que o padrasto, o rapaz levou vantagem. Agnaldo puxou uma faca, mas foi desarmado, e jurou matar o rapaz, quer passou um mês afastado de casa devido à ameaça. Ele retornou em janeiro com a promessa de que nada lhe aconteceria. O delegado pediu a prisão preventiva dos dois suspeitos, que estão desaparecidos. O acampamento do engenho Sirigí tem 38 famílias. O engenho integra um conjunto de 22 engenhos pertencentes à Usina Aliança, que faliu em 1996 e não indenizou seus funcionários. A maioria dos acampados são ex-trabalhadores e moradores da empresa. Num total de 7 mil hectares, os 22 engenhos foram considerados improdutivos pelo Incra e estão em processo de desapropriação. De acordo com a CPT, os moradores sofrem muita violência por parte dos donos das terras. Em 2000, um deles, Severino Luiz da Silva, foi ferido a bala por homens encapuzados armados com espingarda 12 que incendiaram o acampamento e atiraram contra os seus integrantes. Esta é a segunda morte envolvendo trabalhadores que lutam pela terra este ano, em Pernambuco. No dia 10 José Cândido da Silva, presidente dos Assentados de Mascatinho, em Tamandaré, zona da mata, foi morto a tiros numa emboscada. O crime pode ter ligação com as constantes denúncias feitas pelo assentado em relação ao desmatamento da reserva ecológica do assentamento, por madeireiros da região.

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