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Pacaraima, terra da informalidade, pode ser riscada do mapa

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Por Redação
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Ninguém paga IPTU em Pacaraima, município de 9 mil habitantes, na região serrana que separa o Brasil da Venezuela. E isso não ocorre porque sejam caloteiros ou o prefeito, o fazendeiro Paulo Quartiero (DEM), perdoe a todos. Não pagam porque ninguém possui título de propriedade. Oficialmente, ninguém é dono de nada. Nos negócios, compradores e vendedores assinam recibos e reconhecem a firma. Nem cartório de registro de imóveis a cidade tem. Pacaraima tem prefeitura, Câmara Municipal, hospitais e escolas públicas, agência do Banco do Brasil, tudo aquilo que uma cidadezinha necessita. Mas, tecnicamente, não existe. Ou, se existe, deve sumir do mapa. O município, criado em 1995, após se desmembrar de Boa Vista, foi plantado em área da União - reivindicada pelos indígenas que vivem nos seus arredores, na Reserva de São Marcos. Os índios querem se apossar da área. Se isso ocorrer, os moradores serão indenizados só pelas benfeitorias. Não podem provar que são donos dos terrenos. Hoje o maior centro comercial da região é um posto de combustível localizado ao lado da linha da fronteira, em território venezuelano. Pertencente à estatal PDV, a Petrobrás de Hugo Chávez, ele vende gasolina a R$ 0,70 o litro. Uma pechincha, considerando-se que em Boa Vista, a 215 quilômetros dali, o preço vai a R$ 2,90. Quando a fila do posto abre, às 6 horas, aparecem caminhoneiros, taxistas, motoristas particulares e jovens pilotando velhas caminhonete, que saíram do mercado há anos. Após esperar quatro ou cinco horas na fila, esses "pampeiros" enchem os tanques - adaptados para levar até 250 litros - e disparam para Boa Vista, para abastecer o mercado clandestino de combustíveis. São verdadeiros carros-bomba, às vezes parados pela policia.

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