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Ouvidoria da Polícia pede que Ministério Público apure caso de estudante que perdeu visão em ato

Órgão envia ofício ao procurador-geral de Justiça de SP, Gianpaolo Paggio, para que MP abra procedimento de investigação sobre ferimento de jovem que teria ocorrido durante protesto

Por Valmar Hupsel Filho
Atualização:

A ouvidoria da Polícia encaminou nesta quinta-feira, 1, ofício ao Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Paggio, em que sugere a abertura de procedimento investigatório para apurar a atuação da Polícia Militar contra manifestantes durante protesto anti-impeachment no centro da cidade.

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Na ação, a estudante Deborah Fabri, de 19 anos, perdeu a visão do olho esquerdo. Para médicos que a atenderam, a jovem disse ter sido atingida por estilhaços de bombas lançadas pela PM. Dois repórteres fotográficos foram presos, agredidos e tiveram seus equipamentos destruidos.

Nos últimos três anos, duas pessoas perderam a visão de um dos olhos por causa de ferimentos causados pela ação policial em manifestações de rua na capital paulista.

Deborah foi internada no início da madrugada desta quinta-feira no Hospital dos Olhos, onde passou por uma cirurgia de emergência que durou cerca de 1h30. Ela recebeu alta por volta do meio-dia, quando publicou a seguinte mensagem em sua página pessoal no Facebook: “Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem. Obrigada pelas mensagens e apoio logo logo respondo todos!!!”. Até as 18 horas, ela permanecia sedada, em casa.

O oftalmologista William Fidelix, diretor operacional do Hospital dos Olhos, disse que Débora teve perfuração do olho esquerdo causado por um objeto metálico e não descartou que ela possa perder o olho. “O prognóstico nestes casos de tipo de lesão provocada no olho é bem elevado. É muito grave o estágio. Amanhã ela pode recuperar isso ou perder completamente a visão. É só com a evolução do caso que vamos ficar sabendo. É realmente difícil ter uma melhora na visão, realmente difícil, mas medicina é medicina”.

O Estado solicitou nesta quinta-feira, 1, entrevista com o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Álves Barbosa Filho, mas assessoria de imprensa da SSP afirmou que ele não iria falar sobre o assunto. Em nota, a SSP afirmou que está tentando contato com Débora para que ela registre o fato “que ela alega ter se envolvido” para dar início às investigações, já que não foi registrado boletim de ocorrência.

Segue íntegra da nota da SSP:

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A SSP entrou em contato com a Universidade do ABC, onde estuda Deborah Fabri, para que sejam oferecidos os meios necessários para a localização dela e para que a Polícia Civil possa registrar o fato em que ela alega ter se envolvido e dar início às devidas investigações, uma vez que ela não registrou o boletim de ocorrência.

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