Orlando Silva e Arlindo Chinaglia cancelam participação em congresso do MBL

Os dois integrariam uma mesa de debate sobre propostas de reforma política

Por Matheus Lara
Atualização:

Os deputados federais Orlando Silva (PCdoB) e Arlindo Chinaglia (PT) não participarão do 5º Congresso Nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), que acontece nos próximos dias 15 e 16 em São Paulo. 

Os dois integrariam uma mesa de debate sobre propostas de reforma política no sábado e marcariam a primeira participação de políticos de esquerda no evento, que nos últimas edições foi marcado pelo tom contrário às siglas de esquerda.

Os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) Foto: Cleia Viana/Câmara e Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

Orlando informou ao Estado que acompanhará o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) em uma agenda fora do Brasil, enquanto o deputado petista informou estar com pneumonia. As ausências foram informadas ao MBL nesta quinta e o movimento diz estar tentando encontrar substitutos do PT e do PCdoB para a mesa. 

Além dos dois, estão anunciados no debate de sábado os deputados Vinicius Poit (Novo), Paulo Ganime (Novo), Jerônimo Goergen (PP), o senador Marcos Rogério (DEM), além do líder do MBL deputado Kim Kataguiri (DEM).

O movimento tem amenizado o tom do discurso em relação à polarização do País. No congresso, mesmo sem a presença de deputados de esquerda, o MBL pregará o debate. Um dos líderes do grupo, o deputado estadual Arthur Moledo do Val (DEM-SP) vê amadurecimento nesta fase do MBL.

"Você tem que adaptar a ferramenta à nova realidade. Temos que ser propositivos,privilegiar e espetacularizar o bom debate", diz Arthur. "Faz parte do amadurecimento do movimento, que surge combativo e continua sendo, sem abrir mãos de seus valores, mas que agora privilegia o bom debate."

Ele reconhece que o MBL "radicalizou" sobretudo no governo de Dilma Rousseff (PT), mas não vê erro no passado do grupo. É uma posição que destoa de outros líderes, como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM), que em entrevista recente ao Estado fez mea-culpa em relação à forma como o movimento, em suas palavras, "confundiu" quem era de esquerda e havia cometido crime com quem apenas era de esquerda.

Publicidade

"O MBL não errou", defende Arthur. "A espetacularização da polarização foi extremamente necessária. Em nenhum momento fomos incoerentes e não enfrentamos sem honra nossos inimigos."

Após informar sua ausência no evento, o petista Arlindo Chinaglia diz que preparava uma fala que começava com uma citação ao filósofo socialista Karl Marx. "Se eles não estivessem dispostos a ouvir, não teriam convidado. Não era um debate em aberto. Era um debate específico onde é possível mostrar diferenças com dados, informações. Eu não tenho nenhum temor em debater ideias".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.