PUBLICIDADE

Opportunity desviou verba da BrT, diz PF

Apuração põe contratos e pagamentos sob suspeita

PUBLICIDADE

Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo e Roberto Almeida
Atualização:

A gestão do Opportunity à frente da Brasil Telecom foi marcada por desvios de recursos e irregularidades, aponta relatório da Polícia Federal preparado pelo delegado Ricardo Saadi. Estão sob suspeita contratos na área de compras da operadora de telefonia, pagamentos de honorários a advogados sem vínculo com a BrT, altos salários para funcionários fantasmas e aluguéis em um luxuoso edifício na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Os federais basearam suas conclusões em documentos de uma auditoria interna realizada pela Brasil Telecom com o intuito de avaliar os danos à companhia supostamente causados pelo grupo de Dantas, além de depoimentos que confirmam informações obtidas pelos agentes durante a Operação Satiagraha. "O desvio de recursos (na Brasil Telecom) se inicia pela área de compras", disse à PF o ex-funcionário da operadora Ubirajara Bandeira de Barros, que trabalhou sob gestão do Opportunity. "Alguns contratos foram fechados sem que passassem por leilões eletrônicos." Segundo Barros, houve irregularidades na contratação de uma área de Customer Relationship Management (CRM), de um Serviço de Atendimento ao Consumidor e de um sistema de cobrança com brechas para superfaturamento. Para a PF, o desvio de recursos apontado por Barros tinha continuidade, possivelmente, na folha de pagamento. A primeira planilha encontrada pelos agentes traz uma lista de escritórios de advogados pagos pela BrT para defender Dantas. A operadora pagou honorários de R$ 6,2 milhões a Antônio Carlos Almeida Castro, o Kakay, ligado ao ex- ministro José Dirceu. Além de advogados, a BrT contratou por altos salários diretores e assessores que não desempenharam funções na empresa. "Estão me pagando uma fortuna para não fazer nada", depôs Luciano José Porto Fernandes, amigo do braço direito de Dantas, Humberto Braz. Ele passou sete meses recebendo sem trabalhar. O relatório da Satiagraha dedica um capítulo a "pagamentos indevidos a advogados". O documento, subscrito pelo delegado Ricardo Saadi, afirma: "Outra irregularidade apontada pela Brasil Telecom e que também motivou representação da companhia perante a CVM, após a saída do Opportunity da cadeia societária de comando da empresa, aparece o pagamento de honorários advocatícios a vários escritórios que teriam defendido os interesses do Opportunity e de Daniel Dantas e não da Brasil Telecom." São citados pelo menos 10 escritórios. Os dados foram capturados em HD do Opportunity. A Procuradoria da República quer que a PF intime os advogados. Outro item identificado pelos federais é o moderno edifício no número 2.277 da Avenida Faria Lima. Quando esteve sob gestão do Opportunity, a operadora de telefonia pagou a conta de uma reforma de R$ 2.213.367,15 "para uso exclusivo do Opportunity", de acordo com a PF. Assim que o contrato de locação foi rescindido, o Opportunity ficou com o imóvel reformado e - "o mais absurdo", diz a PF - com todos os móveis recém-adquiridos pela Brasil Telecom, o que configuraria "desvio de recursos".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.