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Oposição vai pressionar por comissão e Conselho de Ética

Objetivo é reunir inconformados com a ingerência de Lula na crise do Senado e desestabilizar Sarney

Por Christiane Samarco e BRASÍLIA
Atualização:

Inconformada com a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, a oposição volta ao Congresso hoje disposta a organizar uma ação conjunta para reagir ao Palácio do Planalto e desestabilizar o presidente da Casa. "O DEM não se dá por vencido diante da interferência do Lula. Vamos continuar defendendo a licença de Sarney", disse o líder do partido, José Agripino (RN). Além de mobilizar a própria bancada, ele vai sugerir ao PSDB, ao PDT e a dissidentes de partidos da base governista que se reúnam para acertar uma tática comum que comece "centrando fogo" na instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás. A avaliação geral é de que a gravidade da situação não comporta movimentos individuais e de que cabe aos partidos dar o primeiro passo. A oposição planeja uma ofensiva para criar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) aposta que não será difícil mobilizar os insatisfeitos, porque o desconforto é grande até no PT. "A partir desta semana, haverá um movimento dos senadores que não aceitam o comando de Sarney", prevê o pedetista. "Tudo é legítimo se o objetivo for salvar o Senado", diz o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), certo de que a crise vai continuar, a despeito da intervenção do Planalto para manter Sarney. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) lembra que seu partido está em obstrução por conta da não instalação da CPI da Petrobrás e adverte que a iniciativa "de um ou de dois" não resolve. "Isolados, não iremos além dos protestos", completa, sugerindo que o caminho é traçar um "plano de guerra" para pressionar pela instalação da CPI e de um Conselho de Ética. Também convencido de que é preciso articular uma ação conjunta, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) adianta que está disposto a se "integrar" à articulação da oposição. "Está na hora de fazer um movimento organizado, não só porque acredito que Sarney não tem mais condições de comandar o plenário, mas em resposta à interferência abusiva de Lula." Nas conversas nesta semana, o líder do DEM vai argumentar que, se os insatisfeitos não se juntarem, a crise só terá fim com a eleição do novo Senado, em 2011.

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