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Oposição usa crise em Honduras contra Venezuela no Mercosul

Texto de parecer diz que Chávez teria ajudado Zelaya e causou 'embaraço' ao Brasil.

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

A votação sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, que deve acontecer na próxima semana, no Senado, ficou ainda mais "complicada" com o agravamento da crise em Honduras, de acordo com a oposição. O argumento é de que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contribuiu para o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras - causando um "problema" para o Brasil. O fato é citado no parecer do relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Depois de quase seis meses de análise, o senador concluiu que a Venezuela não deve ser aceita no bloco. "Mais uma vez Chávez é responsável por dificuldades e embaraço ao governo brasileiro", diz o texto, referindo-se ao retorno de Zelaya e à escolha da embaixada brasileira como "destino final". Há cerca de três meses, Jereissati chegou a considerar um parecer favorável "com ressalvas". O texto final será apresentado nesta quinta-feira, na Comissão de Relações Exteriores. O parecer traz ainda uma série de outras críticas ao presidente da Venezuela. Entre elas, afirma que Chávez contribui para a "discórdia" na região e que sua gestão traz "incertezas" quanto ao cumprimento de compromissos. Adiamento O documento será apresentado nesta quinta-feira, mas é provável que a base governista faça um pedido de vista, adiando a votação para a próxima semana. O pedido de vista também permite que um novo parecer, inclusive com diferente teor, seja apresentado e aprovado na Comissão. O documento costuma ajudar os senadores na votação em plenário, sobretudo entre aqueles que não acompanham de perto a discussão. O presidente da Comissão, senador Eduardo Azeredo, diz que o impasse em Honduras colocou o governo "em contradição". "O governo defende com afinco a democracia em Honduras e ao mesmo tempo quer abrir o Mercosul para a Venezuela, que atualmente segue uma linha autoritária", diz. Segundo ele, há "claros indícios" de atentados à democracia e à liberdade de imprensa no país vizinho. O tema também foi abordado no parecer de Jereissati, que inclui um anexo com relatórios da Organização dos Estados Americanos (OEA) citando casos de descumprimento à carta democrática identificados na Venezuela. O texto questiona ainda a legitimidade das eleições no país vizinho, "onde políticos são proibidos de concorrer" e a forma "quase ditatorial" de governar do presidente Chávez. 'Constrangimento' O parecer do relator diz que o governo coloca o Congresso em situação "constrangedora", pois se vê obrigado a analisar um protocolo de adesão que "ainda carece de documentos". O texto refere-se ao fato de a Venezuela ainda não ter cumprido todos os pré-requisitos dentro dos prazos estabelecidos. "A decisão de não incorporar os seus resultados no texto do Protocolo de Adesão impõe, sem dúvida, um constrangimento indevido ao Congresso Nacional", diz o parecer. Segundo o documento assinado pelo senador Jereissati, "na União Européia, aos candidatos a membros se impõe uma lista de condições e enquanto não as cumprem não são aceitos". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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