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Oposição se fortalece no Senado, até com reeleição de Renan

Candidatos selam acordo para manter a proporcionalidade, o que garante a oposição o comando de comissões e dificulta vigência de MPs sem votação

Por Agencia Estado
Atualização:

Qualquer que seja o resultado da eleição para a presidência do Senado na quinta-feira, o bloco da oposição - PFL e PSDB - vai consolidar sua força e continuar criando obstáculos para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como fez no primeiro mandato. O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) é favorito na disputa com o líder do PFL, José Agripino (RN), mas foi obrigado a se distanciar do Planalto para pavimentar a reeleição. Ele era o mais forte aliado de Lula no Congresso. Renan e Agripino firmaram acordo que mantém a oposição no comando de comissões estratégicas, facilita votações para derrubar vetos do presidente da República e dificulta a vigência de medidas provisórias sem votação. "Qualquer que seja o resultado da eleição, será mantido o critério da proporcionalidade e adotadas as mudanças regimentais aprovadas recentemente pelo Senado", anunciou Renan depois do encontro com o pefelista nesta quarta-feira. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, avalia que a Casa continuará sendo "uma trincheira da oposição". A oposição controla a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e vai disputar a de Assuntos Econômicos (CAE). O PMDB terá a maior bancada do Senado (20 parlamentares), seguido do PFL (17) e PSDB (13). A oposição perderia espaço se o PMDB formasse um bloco com o PT (11 senadores), mas Renan impediu o movimento. "A força da oposição e a sensibilidade política de Renan garantem uma disputa de bom nível no Senado. Aqui os partidos do governo não podem se autoflagelar, como na Câmara", disse Arthur Virgílio. Renan garantiu à oposição que, se reeleito, promoverá sessões exclusivas para apreciar vetos do presidente da República (sem aguardar sessões conjuntas com a Câmara) e criar comissões para examinar medidas provisórias. As duas mudanças foram aprovadas em 2006, mas ainda não foram adotadas. Traições O presidente do Senado tentou garantir sua reeleição por meio de candidatura única, mas José Agripino não cedeu e garantiu aos dirigentes de seu partido e do PSDB que teria votos para vencer Renan no plenário. Dos 81 senadores, teoricamente Renan entra na disputa com 16 votos do PMDB (há dois dissidentes e dois indecisos), 11 do PT, os quatro do PTB, os quatro do PR, dois do PDT (entre quatro possíveis), 3 do PSB, um do PCdoB, um do PRB, um do PRTB e um do PP, somando 44. São necessários 41 para vencer. O presidente do Senado teria ainda o voto do tucano João Tenório, novo representante de Alagoas e liberado pelo partido para apoiar o conterrâneo. Agripino teria, em tese, 17 votos do PFL, 12 do PSDB, dois do PMDB (o pernambucano Jarbas Vasconcelos e Garibaldi Alves, do Rio Grande do Norte), com chances de ganhar mais dois do PMDB e dois do PDT, somando 35. O único senador do PSOL, José Nery (PA), declarou que votará em branco. Como a votação é secreta, Agripino teria de tirar cinco votos de Renan para equilibrar a disputa e provocar uma surpresa. Ao contrário do que ocorreu nas eleições mais recentes, os senadores vão usar cabines fechadas para votar. Em 2005, foi usado o painel eletrônico. Em 2003, as cabines eram abertas e vários votos foram fotografados. Foi Renan Calheiros quem mais insistiu no sigilo este ano. A eleição do Senado acontecerá às 10 horas da quinta-feira.

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