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Oposição queria ´arrebentar governo Requião´, diz policial

A CPI do Grampo, criada para investigar denúncias de escutas telefônicas nos últimos 12 anos no PR, terminou 18 dias após ser instalada. Houve 3 depoimentos

Por Agencia Estado
Atualização:

A CPI do Grampo, que foi criada para investigar denúncias de grampos telefônicos nos últimos 12 anos no Paraná, terminou nesta sexta-feira, 18 dias após ser instalada. Três depoimentos foram tomados. O mais contundente foi o do policial civil Delcio Rasera, na noite de quinta-feira, 14. Ele está preso desde 5 de setembro, sob acusação de realizar escutas clandestinas. Rasera defendeu-se dizendo que a Promotoria de Investigações Criminais (PIC), responsável por sua prisão, agiu "a serviço da oposição ao governador Requião". "O objetivo era arrebentar com o governo Requião nas eleições", acentuou. Ele insinuou que o coordenador da PIC, Paulo Kessler, teria feito um acordo com outros dois acusados - os técnicos em telefonia Isaque Pereira da Silva e Juraci Pereira de Macedo -, no mesmo dia da prisão, quando os acusados permaneceram na sede da promotoria, enquanto ele foi levado para a Delegacia de Furtos e Roubos. Os dois seriam coagidos a afirmar que os grampos eram feitos a pedido de Requião. "Eles (réus) diziam: eu fazia grampo a pedido do Rasera, que é assessor do mandatário", afirmou o policial civil. "Quem é seu chefe?" Segundo ele, a pergunta recorrente nos interrogatórios sempre foi: "Quem é seu chefe?". Rasera chegou a denunciar que houve ameaças de que se ele não confessasse sua mulher e um filho seriam presos. Irritado, ele declarou: "O meu chefe é o Paulo Kessler. Ele me colocou como cavalo de batalha na campanha e me transformei em cavalo de Tróia". Rasera afirmou que, como policial cedido à Casa Civil do governo, fazia o serviço de "atendente", sem explicar direito o que isso significava. Acrescentou, ainda, ter se encontrado umas oito vezes com Requião nos últimos três anos e meio. "Nunca fui assessor especial do governo", ressaltou. Afirmou ter recebido, na prisão, a visita de uma pessoa que fazia oposição a Requião, sem citar o nome. Essa pessoa teria dito: "Rasera, essa é a tua chance, diga quem é teu chefe, diga que você trabalha para fulano para fazer grampos ilegais". Ele disse que sua empresa particular trabalhava com "varreduras", como contratado de pais de família que queriam saber se os filhos estavam envolvidos com droga. "Aí eu grampeava, mas com autorização", afirmou. O promotor Paulo Kessler disse, nesta sexta-feira, que as provas de que Rasera realizava grampos são "incontroversas". "Quando a pessoa vê que as provas são absolutamente desfavoráveis e o mérito da ação não lhe favoreceu, ela busca desqualificar ou o órgão investigador ou as pessoas responsáveis por esse órgão", afirmou. Segundo Kessler, Rasera está procurando "transformar-se em preso político". "Mas ele é um dos principais operadores de interceptação clandestina no Paraná, servindo a pessoas importantes". Por isso, a PIC enviou pedido ao Conselho Superior do Ministério Público para que seja designada uma força-tarefa para as investigações.

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