Oposição pressiona e cobra redução de MPs para votar reforma

Jucá admite que também está preocupado com MPs, mas diz que governo não deixará de editar urgentes

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

O PSDB e o Democratas (DEM) cobraram do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a redução do envio ao Congresso Nacional de Medidas Provisórias (MPs) para votar a proposta de reforma tributária. Segundo o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), o excesso de MPs é grave e inviabiliza o trabalho do Congresso.   Veja também:    Proposta de reforma tributária é para valer, diz Múcio  Após reunião, oposição se diz 'cética' com proposta de reforma   Em resposta, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou que o governo tem um grupo de trabalho que estuda mudanças no rito das MPs. Ele reconheceu que há um excesso de medidas provisórias em tramitação no Congresso Nacional e que o governo está preocupado com o assunto, mas adiantou que o governo não deixará de editar MPs que sejam urgentes. Jucá prometeu, porém, que o governo vai reduzir o envio daquelas que não são tão urgentes. Para ele, há uma "identidade" de preocupação do governo e oposição em relação ao excesso de MPs. Maia disse que com esses excessos, que estão no Congresso Nacional para serem apreciados, fica difícil o Poder Legislativo discutir e votar qualquer reforma. Pelos seus cálculos, 90% do trabalho do Congresso é gasto com MPs. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também criticou o excesso de Medidas Provisórias. Segundo ele, para estudar a reforma tributária, o Congresso precisa ter um ambiente de trabalho sem as MPs. Na sua avaliação, "não dá para votar coisa alguma" se o governo não acabar com volúpia das MPs. Ele afirmou ainda que na reunião com Guido Mantega, o governo apresentou "muito pouco" da proposta. Por isso, segundo ele, o PSDB só vai se pronunciar quando o texto for enviado ao Congresso Nacional. Ele cobrou do governo uma proposta clara e por escrito para que os partidos possam trabalhar.     'Superficial'   A reunião entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e líderes da oposição para apresentar a proposta de reforma tributária não foi suficiente para conhecer seu conteúdo, segundo os participantes do encontro. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) contou que o governo fez uma apresentação "superficial" da proposta, sem apresentar o texto que será enviado ao Congresso. O líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC), disse que Mantega apresentou alguns slides e afirmou que, por enquanto, o partido permanece "cético" com a proposta.   Apesar disso, o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), que também participou da reunião, assegurou que o partido não vai rejeitar de antemão a proposta de reforma tributária, que será encaminhada nesta semana ao Congresso Nacional, pelo governo federal. Mas disse que é preciso, primeiro, "ver no papel" qual a proposta para o PSDB se posicionar.   Seguindo a mesma linha, Kátia Abreu afirmou que a oposição vai avaliar a proposta quando conhecer o texto. "O diabo mora no parágrafos", disse. Ela disse ainda que a oposição quer saber se a reforma desta vez "é realmente de verdade". "Queremos saber se o governo quer mesmo levar à frente essa reforma. A oposição vai trabalhar numa reforma tributária que o País precisa. Não é a reforma do governo, da oposição ou dos governadores, mas a reforma que a sociedade precisa", disse.

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