Oposição perde e Pagot vai comandar DNIT

Apadrinhado de Maggi é aprovado pelo Senado, apesar de ter trabalhado simultaneamente na Amazônia e em gabinete de senador por sete anos

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Por Marcelo de Moraes e BRASÍLIA
Atualização:

Apesar dos protestos do PSDB, o Senado aprovou ontem a indicação de Luiz Antônio Pagot para o comando do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). A nomeação para um dos mais cobiçados cargos da máquina do governo, com orçamento anual de R$ 5 bilhões, foi aceita ontem com 42 votos favoráveis, 24 contrários e 2 abstenções, mas está cercada de polêmica. Apadrinhado do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), Pagot teve a indicação aceita mesmo tendo trabalhado simultaneamente, entre 1995 e 2002, na superintendência da Hermasa Navegação da Amazônia, em Itacoatiara (AM), e no gabinete do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), em Brasília, distantes mais de 3 mil quilômetros um do outro. Além de confirmar os empregos simultâneos como fontes pagadoras no Imposto de Renda de 1996, Pagot indica um apartamento no Leblon, no Rio, como endereço residencial. "Ele é mesmo um craque. Trabalhava no Senado, em Brasília. Trabalhava em Itacoatiara, no Amazonas. E morava no Rio", protestou, durante a votação, o senador Mário Couto (PSDB-PA), principal crítico da indicação. Ele recolheu 20 das 27 assinaturas necessárias para instalar uma CPI e investigar irregularidades em obras do DNIT. Foi a terceira tentativa de aprovar a nomeação. Nas anteriores, a oposição obstruiu as sessões, em protesto contra a ajuda do governo para que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preserve o mandato. Ontem, graças a um acordo entre governistas e oposição, a nomeação retornou à pauta e foi aprovada, com apoio dos governistas e do DEM. Apesar de a votação ter sido concluída em cerca de 20 minutos, a discussão teve momentos ásperos. Couto apresentou requerimento levantando dúvidas técnicas sobre a possibilidade de Pagot ser nomeado e pediu o adiamento da votação até que essas questões fossem respondidas. Renan recusou o pedido, alegando que as dúvidas já haviam sido sanadas.

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