Oposição pede Ministério Público da União no caso

PUBLICIDADE

Por Christiane Samarco
Atualização:

Decidida a tirar da Polícia Federal o monopólio da investigação do caso do grampo ilegal nos telefones do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, a oposição solicitou ao Ministério Público da União que também apure o caso. Representação neste sentido foi encaminhada ontem à tarde ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, por iniciativa conjunta dos três partidos que fazem oposição ao governo: PSDB, PPS e DEM. "Governo investigando governo, não dá", justifica o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), referindo-se ao fato de a Polícia Federal estar à frente do inquérito em que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é suspeita de participar da espionagem. Na mesma linha, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), observa que a oposição não está contra a PF. "Apenas queremos uma investigação transparente e mais segura." Os advogados dos partidos foram cuidadosos ao solicitar investigação da escuta clandestina "supostamente realizada" pela Abin, mas já pediram que sejam apuradas as responsabilidades e adotadas as medidas cabíveis. O texto da representação diz que o Sistema Brasileiro de Inteligência tem como fundamentos a preservação da soberania nacional, estando a Abin destinada à "defesa do Estado Democrático de Direito" e à "dignidade da pessoa humana". Os três partidos alegam que o caso é "gravíssimo" e que não só compromete a administração pública como "atenta contra a democracia, inclusive por envolver, como responsável, o general Jorge Félix, enquanto ocupante de cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional". Félix nega que a Abin tem feito o grampo. Os três partidos encaminharam uma segunda representação ao Ministério Público da União, para saber que razões levaram a Polícia Federal a poupar o secretário de Assuntos Institucionais do PT, Romênio Pereira, da escuta telefônica autorizada pelo Supremo. Romênio é acusado de fraudes em obras públicas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), detectadas pela Operação João-de-Barro em junho. O STF autorizou a escuta dos telefones do petista, mas a PF alegou dificuldades técnicas para fazer o grampo. Romênio nega envolvimento com o esquema. Ele tirou licença de 60 dias do cargo na Executiva Nacional do PT para se defender.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.