Oposição no PR quer apurar atuação do filho de José Dirceu

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Por Agencia Estado
Atualização:

A bancada de oposição ao governo do Paraná na Assembléia Legislativa irá apresentar, segunda-feira, um requerimento à Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social, pedindo informações sobre as viagens realizadas pelo funcionário José Carlos Becker de Oliveira e Silva, filho do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Há acusações de que ele é visto freqüentemente em Brasília, onde teria conseguido negociar pelo menos R$ 607 mil do Orçamento da União para cidades da região noroeste do Paraná, onde tem sua base eleitoral. "Queremos saber se é funcionário, qual a sua função, os roteiros das viagens que realiza, quem paga as diárias, qual o interesse e o resultado das viagens tanto terrestres quanto aéreas", enumerou o líder da oposição, deputado Durval Amaral (PFL). "Queremos saber se há uso da máquina pública em interesse particular." Amaral disse estranhar que "alguém nomeado para uma função específica da secretaria possa viajar tanto e, se valendo do prestígio, instrumentalizar a própria campanha". "É mais estranho porque o tráfico de influência foi tão denunciado pelo PT no passado." O filho do ministro já foi candidato a vereador de Cruzeiro do Oeste, onde é presidente do PT, e concorreu, na última eleição, a uma vaga na Câmara dos Deputados. Este ano, pleiteia a candidatura a prefeito do município, que tem cerca de 21 mil habitantes e conta com o apoio do governador Roberto Requião (PMDB). O apelido, que até a entronização do pai era Zeca do PT, ganhou mais pompa: Zeca Dirceu. Donizete Lopes, assessor do pré-candidato a prefeito pelo PSDB, José Ivan Pinheiro, disse que o tráfico de influência do adversário é conhecido na região. "Mas a gente não quer falar, porque acreditamos que ele deve se prejudicar sozinho. É muito inexperiente", afirmou. Ontem, o secretário Padre Roque Zimmermann disse que não há queixa contra o trabalho do filho do ministro. "Eu estava sabendo (das viagens a Brasília) e aprovava", afirmou. Ele disse, no entanto, que não sabia com quem ele conversava em Brasília ou que utilizasse o nome do pai. "O importante era ter os canais para trazer dinheiro ao Estado", acentuou. "E todos os recursos são para geração de renda e emprego." O secretário disse que somente poderá fornecer os dados que os deputados pedirem referentes ao trabalho de Zeca na secretaria. "O que faz fora do expediente eu não posso reclamar", afirmou. Para Zimmerman, as notícias que têm sido colocadas na imprensa sobre José Dirceu é um processo de "desmoralização". "Estão fazendo execração pública para atingir o governo", afirmou. "Já vi muito escândalo e a nenhum se deu a dimensão desse, que pode ser real, mas não com essa dimensão."

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