Oposição critica PF e chama de 'farsa' investigação do dossiê

Foco das investigações atende a expectativas de Dilma e exclui da apuração quem elaborou o documento

Por Cida Fontes
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A oposição fez duras críticas à decisão da Polícia Federal de investigar apenas o vazamento dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher Ruth Cardoso, e não o responsável pela elaboração do documento na Casa Civil. O foco da investigação atende às expectativas da ministra-chefe, Dilma Rousseff. Veja Também: PF abre inquérito para apurar vazamento de dados de FHC Garibaldi deve instalar CPI dos Cartões no Senado amanhã Dilma anuncia auditoria e fala em ação da PF sobre vazamento Entenda o que é e como funciona o ITI Dossiê com dados do ex-presidente FHC  Entenda a crise dos cartões corporativos  Forúm: Quem ganha e quem perde com a CPI? Oposição vai questionar Dilma sobre dossiê contra FHC em comissão Garibaldi lerá pedido que cria CPI no Senado  O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), afirmou nesta segunda-feira, 7, que a decisão é uma "farsa", e que a opinião pública precisa saber quem fez o dossiê. "O governo está preocupado em saber quem viu o assassinato e não quem assassinou", afirmou o líder tucano. "O que é fato é fato, queremos investigar os cartões presidenciais e, inclusive, até quem vazou, mas sobretudo quem fez o dossiê. "Investigar apenas o vazamento não satisfaz a nenhum analista de bom senso", completou. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), acusou Dilma de estar usando a PF para tentar esconder o fato principal. "Vai-se atrás de tentar desvirtuar o fato relevante, que é o crime que ela (Dilma) cometeu", afirmou. Maia considerou ruim verificar que a PF vai gastar tempo para investigar quem vazou o suposto dossiê "com tantos problemas e questões no país para se dedicar". De acordo com Maia, "a situação da ministra continua insustentável e, assim como Palocci (o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci), ela vai acabar tendo de deixar o governo". O presidente do DEM assinalou que, com a investigação da PF, está se usando órgãos do Estado para tentar proteger a elaboração de um dossiê feito para intimidar a Oposição. O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto, afirmou que a decisão da PF significa o uso da máquina pública para a atender a fins políticos do PT. "É um absurdo e uma falta de bom senso pensar que o vazamento é mais importante do que a elaboração do dossiê", afirmou. ACM Neto disse que em primeiro lugar deveria ser investigado quem produziu o dossiê. "A Polícia Federal pode até investigar o vazamento, desde que isso aconteça depois de investigar a elaboração do dossiê, que é onde houve crime. O crime que está caracterizado foi na elaboração do dossiê", afirmou ACM Neto. "Isso mostra que o governo não tem escrúpulos, nem limite, na utilização do poder do Estado. É mais uma tentativa de intimidar a oposição", afirmou. Investigação Em nota divulgada nesta segunda-feira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, já havia transferido à PF a decisão de abrir ou não inquérito para investigar a "possibilidade de crime" na violação de sigilo do "banco de dados" da Casa Civil sobre FHC. Tarso também não menciona o "banco de dados" que o governo admite ter feito. Diz apenas que atende a pedido da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para que se verifique a "pertinência" de abertura do inquérito policial. A tendência é que os agentes federais entrem nas investigações, mas o comando da corporação não quer que o Planalto defina o campo de ação, o que daria ao trabalho a marca de uma "missão chapa-branca". Uma fonte da PF avaliou que é "inevitável" uma investigação ampla. Segundo ele, é crime coletar dados sigilosos e é crime vazar esse tipo de informação. Na última sexta-feira, em coletiva, a ministra tratou a coleta dos dados como uma "invasão" nos computadores da Casa Civil e prefere tratar isso como um problema interno e a ser investigado pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) - uma espécie de cartório certificador de registros de informática, que é ligado ao próprio ministério.   (Com Rosana de Cassia, Jair Rattner e Denise Madueño, de O Estado de S. Paulo)

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