Oposição admite desistir de cargo para ter CPI

Desistência de relatoria na comissão das ONGs asseguraria investigação sobre Petrobrás

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Por Eugênia Lopes e BRASÍLIA
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Um dia após insistir em manter o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), na relatoria da comissão parlamentar de inquérito que investiga as organizações não-governamentais (ONGs), a oposição deu sinais ontem de que está disposta a recuar. Pode entregar o cargo aos governistas para tentar acabar com os "pretextos" do Palácio do Planalto para não instaurar a CPI da Petrobrás. A retomada da relatoria da comissão das ONGs foi a condição imposta pelos líderes da base aliada para a instalação da CPI da Petrobrás e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Devido a essa disputa, o início dos trabalhos foi adiado ontem pela terceira vez, desde que o requerimento de criação da comissão foi protocolado, há 26 dias na Mesa Diretora do Senado. Os governistas não apareceram ontem na reunião da CPI. Sem quórum, a comissão não pôde ser instalada. "O DEM e o PSDB vão se reunir na semana que vem e vamos encontrar caminhos para destravar as investigações sobre a Petrobrás", adiantou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). "Não vamos dar pretextos para que não se fiscalize a Petrobrás", completou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Ao demonstrarem que, na semana que vem, deverão concordar em retirar Virgílio da relatoria da CPI das ONGs, os tucanos e os integrantes do DEM avisaram que querem negociar um novo relator. Os oposicionistas não aceitam que o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) volte para o posto. Arruda era o relator da comissão de inquérito, mas deixou a cadeira para ingressar na CPI da Petrobrás. A oposição aproveitou para pôr no seu lugar o senador tucano. Os oposicionistas querem ainda que o futuro relator aceite a proposta de trabalho apresentada anteontem por Virgílio para a CPI das ONGs. ESVAZIAMENTO Dos 11 titulares da CPI da Petrobrás, apenas 4 apareceram na reunião agendada para ontem à tarde. Além de Paulo Duque (PMDB-RJ), a quem compete dirigir os trabalhos da primeira reunião da CPI, por ser o integrante de maior idade, compareceram Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Guerra. É necessária a presença de pelo menos seis senadores para que a comissão seja instalada. Sem abrir oficialmente a sessão, uma vez que não havia quórum, Duque deixou os oposicionistas falarem à vontade. Os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI), suplente na CPI da Petrobrás, Virgílio e Agripino também discursaram contra a estratégia do governo de adiar os trabalhos. Se a oposição abrir mão da relatoria da CPI das ONGs, a CPI da Petrobrás deverá ser instalada na semana que vem. Os cargos de comando do inquérito da Petrobrás ficarão nas mãos de senadores da base aliada. NOMES O nome do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), voltou a ser o mais cotado para a relatoria da CPI, depois de ter feito "as pazes" com o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Nesse cenário, a presidência da CPI da Petrobrás deverá ficar com o senador João Pedro (PT-AM). FRASES José Agripino Maia (RN) Líder do DEM no Senado "O DEM e o PSDB vão se reunir na semana que vem e vamos encontrar caminhos para destravar as investigações sobre a Petrobrás" Sérgio Guerra (PE) Presidente do PSDB "Não vamos dar pretextos para que não se fiscalize a Petrobrás"

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