
04 de outubro de 2007 | 16h10
Os principais candidatos da oposição à presidência da Argentina acusaram a presidenciável Cristina Fernández de Kirchner, mulher do presidente Néstor Kirchner, de se "beneficiar" do uso da máquina pública em sua campanha eleitoral. A candidata do governo viajou em um avião presidencial, o Tango 02, a Brasília, onde se reuniu na quarta-feira com o presidente Lula. Isso intensificou as críticas públicas dos presidenciáveis Elisa Carrió (da Coalizão Cívica), Roberto Lavagna (UNA), Alberto Rodríguez Saá (Frente Justicialista) e Ricardo López Murphy (Recrear-PRO). "Essa dinastia governante não tem limites", disse López Murphy. "A campanha eleitoral de Cristina é paga pelos argentinos." Em diferentes programas de rádio e de televisão nesta quinta-feira, a candidata Elisa Carrió, segunda nas pesquisas de opinião, manteve seu tom crítico ao governo e seus gastos de campanha. "O pior dos defeitos do presidente, do chefe de Estado, é usar recursos públicos para as viagens e outros gastos que favorecem sua candidata", disse Carrió. Ela afirmou, no entanto, que, ao contrário de outros candidatos, não pretende entrar na Justiça contra o que chama de "abuso". Na terça-feira, o advogado e candidato a senador Ricardo Gil Laavedra, um dos mais respeitados juristas da Argentina, e o também jurista histórico Julio Strassera entraram com ação na Justiça contra o uso de dinheiro público na campanha da primeira-dama. O presidenciável Rodríguez Saá, por sua vez, chamou de "infâmia" e "uso descarado e escandaloso" dos recursos "dos argentinos" as viagens (a maioria ao exterior) que a primeira-dama e presidenciável tem realizado em sua campanha eleitoral. As críticas ao apoio do governo à candidatura de Cristina se intensificaram nesta semana, principalmente depois que o presidente Kirchner passou o microfone para ela na inauguração de uma fábrica de calçados, na última terça-feira, no município de Chivilcoy. Kirchner disse que fazia o papel de "apresentador" e afirmou que era melhor escutar a ela que será a próxima presidente dos argentinos. Nos bastidores dos comitês de campanha da oposição, os adversários afirmam que a cobertura das viagens de Cristina Kirchner ao exterior é realizada pela imprensa oficial. Além disso, reclamam de o comitê de imprensa da presidenciável funcionar na Casa Rosada (sede da Presidência da República). Nesta quinta-feira, o jornal Ambito Financiero diz que o Brasil é um "exemplo" a ser seguido pela Argentina, já que a inauguração de obras e outros atos eleitorais são proibidos pela legislação eleitoral. A 24 dias das eleições presidenciais de 28 de outubro, Cristina lidera, com ampla margem, todas as pesquisas de intenção de voto. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Encontrou algum erro? Entre em contato