Operação Prata vai caçar aviões ilícitos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Preocupados com o aumento do número de aviões em situação irregular sobrevoando suas fronteiras, Brasil e Argentina realizam entre 18 e 22 de junho um exercício conjunto com o objetivo de ampliar o controle sobre o tráfego aéreo na área. A Operação Prata, como será chamado o exercício conjunto entre as Forças Aéreas dos dois países, será feita nos mesmos moldes da Venbra I, treinamento semelhante realizado entre Brasil e Venezuela em novembro do ano passado e que será repetido no final deste ano. Os números registrados pelo controle do tráfego aéreo indicam que somente no ano de 2000 foram visualizados nas telas dos radares do País 8.499 aviões desconhecidos, que apareceram e desapareceram no espaço aéreo brasileiro. Outros 275 aviões, segundo o Cindacta ? Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo - foram detectados entrando em território brasileiro irregularmente. Desses 275 aviões, 82% ,ou seja, 248, foram localizados nas telas dos radares somente na Região Sul do País, o que motivou a Operação Prata. Os militares preocupam-se não apenas com o problema de tráfego aéreo no Sul, mas também na Amazônia. Os dados da região não estavam disponíveis e sequer são exatos, de acordo com a Aeronáutica, por causa da ausência de radares na região. A área só estará completamente coberta quando o Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia (Sivam) estiver em pleno funcionamento, o que é previsto para o ano que vem. A Polícia Federal, no entanto, possui registros de que, diariamente, entre seis e sete aviões clandestinos sobrevoam a região amazônica, o que significa uma média de 2,1 mil vôos irregulares por ano. Cerca de cem militares brasileiros e argentinos, sendo 50 de cada País, e 20 aviões de ataque e defesa estarão envolvidos na operação. Oficiais do Paraguai e do Uruguai também participarão do adestramento, mas como observadores. O objetivo do exercício é desenvolver métodos e procedimentos de comandos que visem o aperfeiçoamento do controle das comunicações táticas e dos técnicos, tanto de planejamento, quanto de execução. Com isso, espera-se capacitar as forças aéreas dos dois países em operações de coordenação e cooperação no espaço aéreo comum entre as duas fronteiras. No exercício, serão treinadas normas de policiamento do espaço aéreo contra aeronaves que simularão vôos ilícitos. Os exercícios consistirão no seguinte: um avião ?ilícito? sai da Argentina em direção ao Brasil. Ao ser detectado pelo radar argentino, os caças daquele país tentam fazê-lo pousar. Eles não obedecem e seguem em direção ao Brasil. Os argentinos comunicam o fato ao nosso controle do tráfego aéreo, que aciona os caças de Santa Maria (RS) para escoltar o avião ?ilícito? a partir da fronteira brasileira ? já que não podem invadir o espaço aéreo de outro país - e obrigá-lo a pousar para identificação e apreensão da aeronave. A operação será repetida pelo lado argentino. Como os dois países não possuem legislação que permita a derrubada de aviões ilícitos que desobedeçam às ordens das autoridades aeronáuticas de pousar, os procedimentos se esgotam no acompanhamento dessas aeronaves. Os dois lados, então, terão de forçar os aviões ilícitos a aterrissarem. Ao final da operação, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista, e o chefe do Estado-Maior Geral da Força Aérea Argentina, brigadeiro Walter Domingo Barbero, assinarão uma declaração conjunta. Pela declaração, o procedimento usado no treinamento de controle do tráfego aéreo na região passará a ser uma rotina entre os dois países.

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