Operação da PF prende quadrilha de madeireiros na Amazônia

Esquema de comércio ilegal de madeiras envolve servidores públicos, empresários e intermediários

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Por Agencia Estado
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Uma quadrilha especializada em "esquentar" com documentos falsos madeira extraída ilegalmente no Pará e em Santa Catarina foi desbaratada nesta quarta-feira, 9, numa operação comandada pelo Instituto do Meio Ambiente e Polícia Federal. Batizada de Isaías, a operação é fruto de seis meses de investigação e é considerada a segunda maior do País, perdendo apenas para a Operação Curupira, deflagrada em 2005. Até o fim da tarde desta quarta-feira, 49 pessoas foram presas: no Amapá, no Pará e em Santa Catarina. Ao todo, a Justiça determinou a prisão temporária de 54 pessoas, incluindo policiais, funcionários do Ibama e um procurador da República e empresários. A lista de crimes cometidos pelo grupo é extensa: vai de corrupção ativa, corrupção passiva, contrabando, falsidade ideológica até formação de quadrilha. As investigações detectaram ainda 25 empresas fantasmas, que atuavam como suporte do esquema. A quadrilha tinha como ponto de partida a falsificação de Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), feita no Amapá. As autorizações, emitidas pelo IBAMA, são emitidas para madeiras extraídas de acordo com normas ambientais. Funcionários do Ibama ligados à quadrilha falsificavam tais documentos para permitir o transporte e comércio de madeiras extraídas de forma ilegal no Pará e Santa Catarina. Uma parte da quadrilha atuava em São Paulo, para a comercialização do produto. Pelos cálculos da Polícia Federal, a fraude envolveu cerca de R$ 53 milhões. E possibilitou o comércio de 650 mil metros cúbicos de madeira - o suficiente para encher 60 mil caminhões que, se fossem colocados em fila ligariam Rio a São Paulo. Ao anunciar a operação, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou haver indícios de que a quadrilha há anos atuava na região. Questionada se outros governos foram omissos em tratar o problema, a ministra preferiu não provocar polêmica. "Seria temerário dizer que eles faziam vista grossa. Mas os resultados mostram que nossa decisão de aliar inteligência à investigação foi acertada", afirmou. Nos últimos anos, 10 operações para desbaratar quadrilhas especializadas em comércio ilegal de madeira foram realizadas. "É preciso ter paciência, não espantar a mosca", disse.

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