ONU questiona eficiência de cotas e bolsa-escola

Veja os resultados do trabalho da Unicef

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Por Agencia Estado
Atualização:

A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Reiko Niimi, disse nesta quarta-feira que o programa bolsa-escola e a adoção das cotas para garantir o ingresso de negros nas universidades trazem poucos avanços no combate às desigualdades. Reiko argumenta que a falta de eqüidade no acesso à educação entre crianças brancas e negras começa na pré-escola e se mantém nos demais ciclos de vida. "A adoção das cotas seria bastante eficaz se as diferenças ocorressem depois de uma determinada fase da escolaridade." Para Reiko, o combate às desigualdades deveria concentrar esforços nas primeiras fases escolares. O trabalho do Unicef mostra que a porcentagem de brancos com idade entre 4 e 6 anos fora do colégio é de 36,1%. Entre crianças negras na mesma faixa etária, a porcentagem salta para 41%. Além das cotas, Reiko questiona a eficácia de programas como o bolsa-escola. "Eles ajudam a reduzir a miséria, são paliativos. Sozinhos não combatem ou previnem a exclusão." Para ela, é indispensável a criação de programas específicos que estimulem a eqüidade. O relatório do Unicef revela que, além das dificuldades para completar a vida escolar, crianças negras têm um risco duas vezes maior de ser pobres e de morar em domicílios sem água, quando comparadas a grupos de crianças brancas. Reiko também acha pouco eficaz um trabalho para melhorar a escolaridade de mulheres com filhos. "Claro que seria uma ação importante e deveria ser feito. Mas não podemos esperar grandes resultados práticos com essa medida", avalia. Para ela, mais uma vez, a ênfase tem de ser dada às populações de crianças e adolescentes.

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