
02 de dezembro de 2013 | 17h21
"Casos precisamos ser levados para a Justiça", declarou alta comissária, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 2, na sede da ONU em Genebra.
Navi Pillay demonstrou acompanhar de perto a situação no Brasil e os debates relativos à forma pela qual o País começa a lidar com seu passado. "Estou preocupada com a permanência em vigor da Lei de Anistia de 1979", declarou. "A lei é um obstáculo para que a Justiça seja feita às famílias", insistiu. Na ONU, a lei é vista como um empecilho no tratamento de crimes como tortura.
Em sua avaliação, a criação da Comissão da Verdade no Brasil "é um importante passo inicial". Mas alerta que o grupo precisa de "mais apoio" do governo para que possa realizar seu trabalho. "Eles merecem mais apoio", declarou.
Apesar de elogiar a comissão, Pillay insiste que o trabalho no Brasil em relação à ditadura não pode acabar com o mandato da comissão. "Ele não substitui uma investigação. Casos precisam ser tratados pela Justiça", declarou.
Manifestações.
Pillay ainda comentou as manifestações no Brasil no segundo semestre deste ano e deixou claro que, na avaliação da ONU, ainda é a desigualdade persistente no País que cria uma situação de desconforto entre os brasileiros.
A alta comissária ainda se diz "preocupada com o excesso" de violência da polícia ao lidar com os manifestantes. "Vimos centenas de feridos", declarou. Pillay pediu que o governo mantenha o diálogo com a sociedade e que aplique de forma "imediata" propostas concretas para lidar com as desigualdades.
Pillay falou também sobre com o impacto das obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016, e manifestou sua preocupação principalmente com a expulsão de moradores de áreas designadas para os eventos.
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