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OMS deixa de divulgar ranking de saúde pública

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Por Agencia Estado
Atualização:

O relatório da Organização Mundial da Saúde traz uma importante modificação neste ano: a OMS deixou de estabelecer um ranking dos países em termos de qualidade de serviço de saúde pública. A mudança ocorreu depois que o último relatório apontou o Brasil na 125ª posição, entre 191 países. Diante do péssimo resultado, o ministro da Saúde, José Serra, iniciou uma campanha para evitar que a OMS classificasse os países, no que ganhou o apoio de outros descontentes, como os Estados Unidos, que estavam em 15º lugar na lista. Washington argumentou que o relatório anterior não foi preparado com transparência pelos funcionários da OMS. O mesmo argumento foi utilizado pelos franceses, que também pediram uma reforma na metodologia de classificação dos países. Já o Brasil e os países em desenvolvimento tinham outra queixa. Brasília acusava a OMS de estabelecer "padrões nórdicos" para avaliar o sistema de saúde pública. Pontos como higiene e qualidade do atendimento nos hospitais públicos estavam entre os critérios questionados. Outro critério polêmico foi o cálculo de quanto um cidadão gasta de sua renda para a saúde. Na avaliação da OMS, caso a proporção seja superior a 20% do total da renda individual, o sistema é considerado inadequado. Pela nova metodologia, além da eliminação de um ranking, a OMS deveria enviar os resultados de seus estudos 15 dias antes da publicação do relatório para que os governos dessem seu parecer. Mas nem assim o governo brasileiro parece ter ficado satisfeito. O País foi um dos únicos, juntamente com os Estados Unidos, Paquistão e Holanda, a se recusar a aceitar as estimativas publicadas pela OMS no relatório de 2001. A questão é que, mesmo com a adoção de uma nova metodologia, o desempenho do País continua comprometido. Pelos cálculos da OMS, a expectativa de vida saudável no Brasil é de apenas 57,1 anos, o mesmo desempenho do Egito. Pela nova metodologia, a OMS calcula o número de anos em que uma pessoa vive em boas condições de saúde. "Isso mede a qualidade dos serviços de saúde de um país", afirma um técnico da OMS. A taxa no Brasil, porém, é inferior a da Bósnia, onde um indivíduo em média conta com 63,7 anos de vida saudável. A pior situação é de Serra Leoa, com a expectativa de vida saudável de apenas 29 anos. Já no Japão, a média é de 73 anos de vida saudável, enquanto na Argentina a taxa é de 63 anos e no Chile, de 65. A OMS ainda revela que 49 meninos a cada mil morrem no Brasil antes dos cinco anos de idade. Já com as meninas, 42 a cada mil não chegam aos cinco anos. O desempenho é pior que na China, Colômbia, Argentina e El Salvador.

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