30 de abril de 2014 | 10h41
A resistência aos antibióticos tem o potencial de afetar todas as pessoas, de qualquer idade e em qualquer país, e se tornou uma grande ameaça à saúde pública, com "implicações que serão devastadoras".
"O mundo se encaminha para uma área pós-antibióticos, em que infecções comuns e pequenas lesões que durante décadas foram tratáveis poderão novamente matar", disse Keiji Fukuda, diretor-geral-assistente da OMS para a segurança da saúde.
Em seu primeiro relatório global sobre a resistência a antibióticos, com dados de 114 países, a OMS disse que superbactérias capazes de burlar até os mais violentos antibióticos --uma classe de medicamentos chamada carbapenêmicos-- já foram encontradas em todas as regiões do mundo.
A resistência é causada pelo uso inadequado e/ou excessivo dos antibióticos, o que estimula as bactérias a desenvolverem novas formas de driblá-los.
Poucos novos antibióticos foram desenvolvidos e lançados nas últimas décadas, e fazer isso é uma corrida contra o tempo, já que as infecções cada vez mais envolvem "superbactérias" resistentes inclusive aos medicamentos reservados pelos médicos para os casos mais extremos.
Estima-se que apenas um desses agentes patogênicos resistentes, chamado MRSA, cause cerca de 19 mil mortes por ano nos EUA --bem mais do que o HIV/Aids-- e um número semelhante na Europa.
A OMS disse que em alguns países, por causa da resistência, os carbapenêmicos funcionam atualmente em menos de metade das vítimas de infecções hospitalares comuns atribuídas à bactéria "K. pneumoniae", que provoca doenças como pneumonia, infecções sanguíneas e infecções em recém-nascidos e pacientes de UTIs.
A resistência a um dos antibióticos mais usados no tratamento de infecções urinárias pela bactéria "E. coli" --os medicamentos chamados de fluoroquinolonas-- também está muito disseminada, segundo a OMS.
Na década de 1980, quando essas drogas foram lançadas, a resistência era praticamente nula, segundo o relatório.
"A não ser que tomemos medidas significativas para melhorar os esforços e prevenir infecções e também modificar a forma como produzimos, receitamos e usamos antibióticos, o mundo irá perder cada vez mais esses bens da saúde pública, e as implicações serão devastadoras", disse Fukuda em nota.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.