Olívio publica anúncio contra CPI e tem mais um problema

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Por Agencia Estado
Atualização:

O relator da CPI da Segurança Pública, Vieira da Cunha (PDT), e outros parlamentares da oposição deverão ingressar na Justiça com uma representação popular pedindo que o governador Olívio Dutra (PT) devolva os valores gastos em anúncios publicados em jornais de circulação estadual e nacional acusando a comissão de inquérito de "golpismo" contra o governo petista do Rio Grande do Sul. O deputado pedetista protolocou hoje na Assembléia Legislativa um pedido de informações ao governo do Estado sobre o custo dos informes publicitários. "Esse panfleto partidário não poderia ter sido pago com dinheiro público. Vou entrar com representação popular para que o governador devolva centavo por centavo do que gastou", disse Vieira da Cunha. Segundo ele, o artigo 19 da Constituição estadual restringe a publicidade do governo a anúncios de caráter educativo, informativo ou de orientação social. A nota na qual o governo gaúcho critica a CPI em defesa de Olívio, ameaçado de impeachment, poderia configurar promoção pessoal de autoridade - o que é proibido constitucionalmente. O secretário estadual de Comunicação, Guaracy Cunha, não quis comentar as declarações do pedetista e diz que prestará as informações quando receber o pedido formal da Assembléia. De acordo com os valores de tabela apurados pelo Estado junto aos dois jornais nacionais e três estaduais nos quais o governo gaúcho publicou seu anúncio, o "Comunicado ao Povo Gaúcho e Brasileiro" pode ter custado até R$ 223 mil aos cofres públicos. O líder do governo na Assembléia, deputado Ivar Pavan (PT), afirmou que o governador tem direito de se defender publicamente das acusações sofridas na CPI. "Além do golpe do relatório, o deputado Viera da Cunha está querendo impedir agora que a gente fale também", reclamou o parlamentar. Para Vieira da Cunha, o anúncio do governo é "vazio de conteúdo, discursivo e, antes de tudo, uma ofensa ao Parlamento do Rio Grande, porque reduz o nosso relatório ao plano da disputa política". Segundo ele, a acusação de que a CPI está promovendo um golpe contra a democracia é "rigorosamente o mesmo raciocínio político do ex-presidente Fernando Collor". No PT, o discurso é uníssono contra a CPI e os excessos do relator, mas alguns setores questionam a tentativa de "abafar" a discussão interna a partir da desfiliação voluntária do presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira. O petista se antecipou à punição que receberia na Comissão de Ética, que aproveitou para encerrar as investigações sem sequer ouvir Diógenes sobre as doações recebidas pelo clube e sobre sua conversa com o ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino, na qual pedia para que os bicheiros não fossem reprimidos. "Não dá para tapar o sol com a peneira, como fazem os demais partidos", disse ontem a deputada Luciana Genro (PT), filha do prefeito de Porto Alegre. Integrante de uma das alas radicais do partido, Luciana defende que o partido continue apurando se o clube cometeu alguma irregularidade e se existe mais alguém envolvido. "Se houve algum dirigente do partido envolvido nisso, é preciso que ele venha à público e assuma a responsabilidade, porque de outra maneira a suspeita (de recepção de dinheiro do bicho) vai pairar sobre todos nós", afirmou Luciana. Oficialmente, a executiva do PT só admite discutir sua relação com o clube e o destino da sede que utiliza e foi cedida em comodato pelo Clube da Cidadania em 1998. Na quinta-feira, Olívio viajará a São Paulo, onde concederá uma coletiva na sede nacional do partido e participará do programa de Boris Casoy, na Rede Record.

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