Considerado o "guru" intelectual de Jair Bolsonaro, o filósofo Olavo de Carvalho orientou seus alunos que ganharam cargos na nova gestão a deixarem o governo. Em publicação nas redes sociais nesta sexta, 8, ele diz que a equipe de Bolsonaro está cheia de inimigos do próprio presidente e do povo.
"Jamais gostei da idéia de meus alunos ocuparem cargos no governo, mas, como eles se entusiasmaram com a ascensão do Bolsonaro e imaginaram que em determinados postos poderiam fazer algo de bom pelo país, achei cruel destruir essa ilusão num primeiro momento", escreveu.
"Mas agora já não posso me calar mais. Todos os meus alunos que ocupam cargos no governo - umas poucas dezenas, creio eu - deveriam, no meu entender, abandoná-los o mais cedo possível e voltar à sua vida de estudos", continuou. "O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles. Não quero ver meus alunos tendo suas vidas destruídas no esforço vão de ajudar militares acovardados cujo maior sonho é tucanizar o governo para agradar à mídia."
Ele também atacou militares e a mídia. "Os generais estão tão corrompidos por dentro que, entre o amigo que lhes diz verdades duras e a mídia que mente contra eles, ficarão com esta última. Que aconteceu aos cafajestes que tempos atrás, na frente do Clube Miltiar do Rio, cuspiram na cara de coronéis e generais octogenários? Nada. Se você tem a mídia do seu lado, cuspir em militares brasileiros é de graça.
O professor vem criticando o vice-presidente Hamilton Mourão. "O maior erro de minha vida de eleitor foi apoiar o General Mourão", escreveu na terça. "Não cessarei de pedir desculpas por essa burrada". Na quinta, 8, quando questionado sobre as críticas, Mourão respondeu o gesto de um beijo com a mão.
Influência de Olavo de Carvalho no governo federal
É atribuída a Olavo de Carvalho a indicação de Ernesto Araújo para ocupar o Ministério das Relações Exteriores no governo de Jair Bolsonaro. De acordo com o próprio professor, "umas poucas dezenas" de seus alunos ocupam hoje cargos no governo federal.