OIT elogia mudança do Brasil no combate ao trabalho infantil

Em relatório, órgão afirma que país se tornou 'líder' na cooperação sul-sul.

Por BBC Brasil
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacou a mudança de postura do Brasil no combate ao trabalho infantil em seu relatório quadrienal divulgado nesta sexta-feira. A organização comparou os dados divulgados no documento de 2006 para afirmar que, durante os quatro anos seguintes, o Brasil passou de beneficiário do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) para um provedor de assistência para outros países. "Nos últimos anos, o Brasil, que era apenas um beneficiário da assistência técnica do IPEC, se tornou um provedor de de assistência a outros países através de iniciativas sul-sul", diz o relatório. No prefácio do documento, o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, classifica o Brasil como um "líder" na cooperação entre os países em desenvolvimento que, segundo ele, se tornou uma máquina para ações em questões globais, como o trabalho infantil. No nível nacional, o relatório destaca a redução do índice do trabalho infantil no Brasil a partir da década de 90 e ressalta diversas medidas tomada pelo governo brasileiro no combate, como a assinatura de convenções internacionais, o fortalecimento das instituições locais e a mobilização social contra o trabalho infantil. Sobre o crescente papel do Brasil como "provedor de assistência" no cenário internacional, a OIT cita a iniciativa conjunta entre a organização e o Brasil, firmada em 2007, para promover a cooperação sul-sul com outros países como a África do Sul e a Índia. O documento destaca ainda que o Brasil se tornou bastante ativo na Força Tarefa Global sobre Trabalho Infantil e Educação (GTF, na sigla em inglês). O documento ainda afirma que tanto o Brasil como o México podem "cada vez mais assumir um papel de vanguarda no fornecimento de assistência técnica e financeira para outras regiões, além das Américas". Desaceleração Apesar do otimismo em relação ao papel do Brasil no combate ao trabalho infantil, a conclusão geral do relatório divulgado pela OIT sugere uma desaceleração no ritmo do combate em nível global. Segundo o documento, o número de crianças trabalhadoras no mundo caiu de 222 milhões para 215 milhões entre 2004 e 2008 - uma redução de apenas 3%, o que representa uma "desaceleração do ritmo global de redução". O relatório afirma ainda que a crise econômica global pode frear ainda mais o progresso para atingir o objetivo estabelecido pela OIT de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016. "O progresso é desigual: nem rápido o suficiente ou abrangente o suficiente para atingir os objetivos que nós estabelecemos", disse Somavia. Nesse sentido, o documento recomenda um novo impulso na campanha global para acabar com a prática. "Novos e maiores esforços são necessários. A situação pede uma campanha reenergizada contra o trabalho infantil. Nós precisamos ampliar a ação e acelerar", afirmou o diretor-geral da OIT. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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