PUBLICIDADE

Ofereceram comprar o voto de 3,4 milhões de eleitores

Por Agencia Estado
Atualização:

Pesquisa do Ibope divulgada nesta terça-feira pela organização não-governamental Transparência Brasil mostra que 3% dos eleitores brasileiros, o equivalente a 3,4 milhões de pessoas, receberam oferta de compra de voto nas últimas eleições. Segundo o levantamento, o problema foi mais grave nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde o índice atingiu 5%. Os eleitores jovens aparecem como o principal alvo da irregularidade, enquanto variáveis como renda familiar e tamanho do município tiveram menos influência. Essa foi a segunda pesquisa do gênero realizada pelo Ibope. Em 2000, após as eleições municipais, o instituto constatou que 6% dos eleitores haviam sofrido tentativa de compra do voto em dinheiro. Ou seja, o dobro do índice registrado este ano. Mas, como se tratam de eleições para cargos diferentes, a Transparência Brasil entende que não é possível comparar os resultados. "Não é uma série histórica, não dá para deduzir que o fenômeno da compra de votos diminuiu", disse o conselheiro da ONG Bruno Speck, professor de ciência política na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos responsáveis pelo estudo. Mesmo admitindo que tecnicamente não é possível fazer a comparação, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Fernando Neves disse que o resultado reforça a sua "impressão" de que a compra de votos está diminuindo no País. Neves afirmou não acreditar que as ofertas de compra de voto tenham sido capazes de alterar resultados em disputas acirradas de segundo turno para governador ou na definição dos deputados federais e estaduais eleitos. "É difícil supor que todas essas tentativas tenham tido sempre um único responsável", disse o ministro, que foi o relator no TSE das resoluções que orientaram as eleições deste ano. O Ibope ouviu 2 mil eleitores entre os dias 14 e 17 de novembro, em todo o País. Dos entrevistados que disseram ter sido alvo de tentativa de compra de votos no primeiro ou no segundo turno, 56% contaram ter recebido oferta de dinheiro; 30%, bens materiais; e 11%, favores da administração pública. A pesquisa realizada em 2000 registrou apenas casos de oferta de dinheiro. O levantamento do Ibope mostrou que o Norte e o Centro-Oeste, em conjunto, lideram o "ranking" de oferta de compra de voto, com 5%, seguidos pelo Nordeste, com 3%, e o Sul e o Sudeste, com 2% cada. Não há dados disponíveis por Estado. Em 2000, a situação foi diferente: Norte e Centro-Oeste registraram 12%; Nordeste e Sul, 7%; e o Sudeste, 4%. Além da diferença entre as regiões, a idade mostrou ser um fator relevante. Na faixa de16 a 24 anos, 5% dos eleitores entrevistados disseram ter sido alvos de tentativa de compra de votos, índice que ficou em 1% na faixa acima de 50 anos. Apenas 1% dos eleitores com nível superior disseram ter sido abordados, índice que chegou a 4% entre quem tinha só o ensino fundamental. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos porcentuais, de modo que a média nacional de oferta de compra de voto pode oscilar entre os patamares de 0,8% e 5,2%. Para ler o índice de notícias sobre a transição nos outros Ministérios, clique aqui.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.