Ofensiva de empresas tenta limitar fiscalização do TCU

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Por AE
Atualização:

Na esteira das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à atuação dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), o lobby das empreiteiras reforçou sua ofensiva sobre o Congresso para mudar a legislação e impor ?limites? à fiscalização. Em vez de agir nos bastidores, o setor passou a atuar de forma ostensiva para mudar a Lei 8.666 de 1993, que regula as licitações e está parada há dois anos no Senado. Para tirar da gaveta o novo texto e levá-lo a voto no plenário esta semana, os parlamentares, o Executivo e o TCU tiveram de fazer concessões ao lobby e costurar um acordo. O acerto está feito, mas, diante da força do lobby, o TCU não conseguiu se livrar totalmente de um ?contrabando? incluído no projeto para mudar sua lei orgânica. A pretexto de fixar prazo máximo de 90 dias para a vigência das medidas cautelares concedidas pelo TCU, suspendendo obras até que se esclareçam as suspeitas de irregularidades, o lobby incluiu um dispositivo que tornaria as decisões do órgão sem efeito. Como a contagem do prazo começava com a concessão da cautelar, em tese a empreiteira poderia consumi-lo apenas atrasando por três meses os esclarecimentos solicitados.?As empresas estão cada vez mais organizadas e atuantes, questionando inclusive a competência e as atribuições constitucionais do tribunal?, afirma o secretário de Fiscalização de Obras do TCU, André Luiz Mendes. Para que suas decisões não sejam ignoradas, o órgão aceitou trabalhar com o prazo fixo e, numa contraofensiva dos auditores, o relator da proposta na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Eduardo Suplicy (PT-SP), estabeleceu que o tempo só começará a correr depois que as empreiteiras enviarem toda a documentação solicitada ao TCU. ?Controlar é contrariar interesses, mas o objetivo é ajudar o Estado e nós temos meios para auxiliar o Legislativo,? diz o presidente do TCU, Ubiratan Aguiar. Segundo ele, não se pode responsabilizar o órgão pelo ritmo lento da execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), porque apenas 5 das 2.368 obras em execução foram suspensas por indícios de irregularidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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