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Obras garantem emprego a moradores

Em três favelas, número de vagas já deve ultrapassar 3.500

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Em plena crise econômica, o crescimento das contratações de operários nas próprias comunidades serve como termômetro da aceleração das obras nos últimos meses. Só entre dezembro de 2008 e março deste ano, o número de empregados pelas empreiteiras em Manguinhos, no Alemão e na Rocinha subiu de 1.063 para 2.855. A Empresa de Obras Públicas do Rio (Emop), que gerencia os projetos, estima que, neste mês, as vagas ultrapassem 3.500. "O comércio e os botequins até liberaram o fiado. Comerciante aqui só deixa anotar no caderninho quem tem emprego, né? Agora vários têm. A crise não passou aqui. Ao contrário, nunca houve tanta chance", conta Erivaldo Lira, presidente da Associação de Moradores da comunidade CHP2, em Manguinhos. Ele diz que o impacto na economia da favela só não é maior porque falta gente qualificada para todas as vagas. "Muitas vezes a empreiteira pede um pintor e não temos para indicar. Aí acabam vindo operários de outras comunidades." Muita gente também não aceita as vagas por considerar os salários baixos diante de atividades autônomas. A média salarial entre os operários vai de R$ 560 a R$ 1.400. O bombeiro hidráulico Antônio Bastos, de 48 anos, até esperava um salário melhor, mas não despreza o emprego formal. A última anotação de sua carteira era de 1997. "Sou casado, tenho três filhos e duas netas. Com um salário fixo é mais fácil planejar a vida, reformar a casa." "Estamos agora no pico e a tendência é crescer ainda mais o ritmo", diz Ícaro Moreno, presidente da Emop, confirmando a determinação de cumprir o prazo das obras. "Até setembro (de 2010) vamos ter que entregar tudo." Segundo Ícaro, uma nova arremetida está prevista para novembro, quando as estruturas básicas de obras complexas como a do teleférico do Alemão estarão em estágio mais avançado. Só no Complexo do Alemão, a expectativa é preencher 3.500 vagas até o final das obras. A contratação de pessoal na comunidade e a decisão de oferecer uso rápido de equipamentos sociais como escolas, instalações esportivas e unidades de saúde são parte da estratégia do governo estadual para vencer a descrença dos moradores. Moreno reconhece que há muitas queixas em relação às indenizações das casas removidas, mas acredita que o envolvimento da comunidade ajuda a proteger a obra dos traficantes, que mantêm o domínio nas favelas. Para o vice-governador Luiz Fernando Pezão, a entrada gradual do Estado em regiões dominadas pelo crime é a melhor estratégia para combater a violência. "Não adianta entrar lá só com a polícia. É preciso levar cidadania. Esse dever de casa estamos fazendo. Entramos para ficar", disse. Segundo ele, 10 mil policiais militares serão contratados para o futuro policiamento comunitário dessas áreas.

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