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Obras em 'paróquias' do PTB favorecem construtora

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Por AE
Atualização:

A Construlara Construtora e Empreendimentos Imobiliários recebeu em 2010 mais de R$ 1,3 milhão em verbas da Secretaria de Estado de Esportes intermediadas pelo presidente do PTB paulista, deputado estadual Campos Machado, e pelo secretário de planejamento do diretório estadual da sigla, Miguel Del Busso, que até fevereiro de 2011 trabalhava no cargo de chefe de gabinete da secretaria.A construtora tem como principal sócio Laffayette Alfredo Morais, genro de Miguel Del Busso. A empresa fica na cidade de Ariranha, a 388 quilômetros de São Paulo, onde Del Busso morou e atuou como vereador nos anos 90. O nome da construtora faz referência à filha de Morais, fruto da união com Rachel, filha de Busso.Em 2010, a Construlara obteve contratos de 11 obras referentes a convênios entre seis prefeituras e a secretaria de Esportes - todas sem licitação, já que a legislação permite o uso de cartas-convite quando os valores são inferiores a R$ 150 mil.Prefeitos, vereadores e assessores de quatro prefeituras - Taiaçu, Guapiaçu, Irapuã e Itajobi - creditaram o repasse de verbas para obras em seus municípios a gestões feitas por Campos Machado. São sete obras, na maioria reformas de prédios e instalações esportivas, que totalizam R$ 966 mil. O presidente do PTB, aliado tradicional do PSDB e do governador Geraldo Alckmin, foi quem indicou os últimos três secretários de Esportes. Nas cidades beneficiadas, ele ficou entre os deputados mais votados nas últimas eleições.DeputadoCampos Machado negou conhecer a empresa Construlara e também negou ter agido para beneficiar especificamente as prefeituras com verbas do governo. "Não são apenas essas quatro cidades, eu encaminho pedidos de todos os prefeitos que tenham alguma ligação com o PTB", afirmou.Miguel Del Busso negou interferir no processo de liberação de verbas da secretaria para prefeituras em favor da construtora de seu genro e defendeu Campos Machado. "É uma injustiça envolver o deputado nisso. Ele nunca esteve na secretaria, muito menos pediu alguma ajuda para algum município", afirmou. "Ele nunca pediu uma emenda, nunca pediu para atender algum prefeito.""Nunca soube disso", disse o ex-chefe de gabinete, se referindo à contratação da Construlara. "Desconheço qualquer tipo de contratação da empresa do meu genro para obras com verbas da secretaria", afirmou. "Não sei se ele foi contratado ou não, mas os municípios têm de fazer as licitações e têm a obrigação de fiscalizar a aplicação dos recursos. Se meu genro tem uma empresa, ele deve ter feito um trabalho na região, mas se participa de licitação, e se ganha ou não, como vou saber?"Questionado sobre um eventual conflito ético envolvendo a posição de Del Busso na secretaria e a atuação da empresa de seu genro, Campos Machado afirmou: "Se for verdade, você tem razão, precisa ser analisado pelo aspecto ético".O deputado anunciou que tomará a iniciativa de pedir ao Ministério Público uma investigação se ficar convencido de que há irregularidades no caso. "Assumo o compromisso. Vou requerer que se apure todos os fatos relativos a essas e a outras prefeituras."GenroO empresário Laffayette Alfredo de Morais, de 24 anos, dono da Construlara, negou haver relação entre o fato de ser genro de Miguel Del Busso e a contratação de sua empresa pelas prefeituras. "Não existe nada disso. Nem me preocupo em saber de qual secretaria ou fonte de governo as prefeituras recebem as verbas", disse."E minha relação com meu sogro é apenas cordial, não tenho intimidade com ele, pois ele foi contra meu namoro e meu casamento. Não temos uma amizade tão próxima e nem ele sabe das minhas atividades profissionais", declarou. "Tenho certeza que, se pedisse para ele interferir e mandar obra para minha empresa, ele mandaria a filha dele largar de mim."Segundo Morais, o fato de estar recebendo obras bancadas com verbas de uma secretaria na qual seu sogro trabalha não significa que ele esteja sendo privilegiado ou participando de qualquer ato irregular. "Meu negócio é com as prefeituras; é com elas que tenho contrato para prestar o serviço. Se há algum problema, quem tem de ver é o prefeito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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