PUBLICIDADE

''Obama'' sonha alto em Petrolina

Político do sertão se inspira no americano

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Alexandre Barack Obama nasceu na área rural de Petrolina, no sertão do São Francisco, a 770 quilômetros do Recife. Casado, três filhos, segundo grau incompleto, é pobre e vende climatizadores para sobreviver. Em comum com o senador candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, ele tem a cor negra, quase a mesma idade - 48 anos, um a mais que o senador - e um objetivo: assim como o norte-americano quer ser o primeiro presidente negro de seu país, Alexandre Nunes Jacinto quer se tornar o primeiro prefeito negro de sua cidade. Para isso, dá agora o primeiro passo: é candidato a vereador pelo PSDB, partido ao qual é filiado há 9 anos. O nome do político famoso foi adotado no registro da candidatura. Sua mulher, Maristela, a princípio foi contra. Outros fazem chacota. Alexandre não se importa. Tem profunda admiração por Obama, cuja trajetória acompanha há quatro anos e se encanta especialmente com sua oratória. Assim como - ideologias à parte - o embevecem os discursos de Fidel Castro e Che Guevara, dos quais possui CDs gravados e a quem considera ases da palavra. Bateu o martelo na decisão de adotar o nome como apelido ao ouvir o comentário de uma pessoa próxima: "Você vai ser o Barack Obama do Nordeste." MOTO Para correr atrás do sonho, a mulher, que é agente municipal de saúde, aceitou assumir o sustento da família no período de campanha, responsabilizando-se pela feira e pelas despesas domésticas. Para poder rodar pelo município à cata de votos, Alexandre Barack Obama comprou uma moto em 42 prestações. Nas andanças pela cidade, contudo, usa bicicleta ou caminha, para economizar combustível. O apelido adotado não está presente em todos os "santinhos" nem ele o usa indiscriminadamente: para os eleitores mais velhos e da roça, ele é Alexandre Nunes Jacinto. Para os jovens e adultos da classe média, assume o Barack Obama, sem medo de ser discriminado por fazer propaganda de um político de outra terra. "Eu nem gosto dos Estados Unidos, minha admiração é pelo homem e, como ele pode vir a mudar os Estados Unidos, eu também quero mudar Petrolina." SEM REVOLTA Sem assessoria de marketing, não tem um mote de campanha. Seu folheto diz apenas "Viva a América Latina". Sempre gostou de política e destaca não ser "revoltado com nada". Admira políticos de vários matizes ideológicos e não perde tempo falando mal dos outros. Suas propostas para a cidade vão desde a extinção da taxa de esgoto à revitalização do Rio São Francisco. Preocupa-se também com a situação da saúde pública municipal, que fica sobrecarregada com a afluência das populações dos municípios vizinhos. Dispõe-se ainda a lutar para que Petrolina venha a desbancar a vizinha Juazeiro - no lado baiano do Rio São Francisco - como maior distribuidora de produtos hortifrutigranjeiros. Alexandre Barack Obama tenta compensar a falta de estudos - o que, afirma, o colega norte-americano tem de sobra - com o interesse. Assiste à TV Senado e à TV Câmara para se informar e é atento aos acontecimentos no Brasil e no mundo. Mesmo sem ser evangélico, costuma chegar à casa dos eleitores com a saudação "louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo". Ninguém lhe fecha a porta na cara.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.