''O que ele estava fazendo em Cascavel?'', provoca Lula

Presidente defende viagens de Dilma motivadas pelo PAC e quer saber que obra governador de SP foi visitar

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa , Lu Aiko Otta e Tania Monteiro
Atualização:

Um dia depois de pedir paz à oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do bombardeio dos adversários e pôs na berlinda as viagens do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Na primeira reunião do ano com o Conselho Político - formado por representantes de 14 partidos da base aliada -, Lula questionou a ida de Serra a Cascavel (PR), na última sexta-feira, onde o tucano participou de um show rural. "A oposição critica Dilma porque ela vai a inaugurações de obras. E o que Serra estava fazendo em Cascavel? Que obra o Estado de São Paulo tem lá?", perguntou o presidente, com uma pitada de ironia. Dilma é pré-candidata do PT à sucessão de Lula e deve enfrentar Serra, que pleiteia a indicação do PSDB. Lula lipoaspirou o caráter eleitoral das viagens e afirmou que Dilma, por ser a coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tem a obrigação de verificar o andamento das obras. Ao negar que o governo esteja antecipando a campanha de 2010, ele garantiu que o Planalto não se intimidará com as queixas do PSDB e do DEM. Contrariado com as críticas, Lula afirmou que não vai deixar de governar nem de levar Dilma a tiracolo nas viagens por causa da eleição de 2010. Foi nesse momento que citou Serra. Na sexta-feira, questionada sobre os ataques da oposição, que a acusa de pôr o PAC no palanque, a ministra mostrou que tem recebido treinamento político para escapar das polêmicas. "Fui para a cozinha fazer o prato e é natural que esteja presente na hora de servir", reagiu a chefe da Casa Civil. "Estou no palanque desde o dia em que lancei o PAC, em janeiro de 2007, pois minha atividade no palanque é intrínseca à minha função. Este governo tem a mania de falar com o povo. Tem gente que não gosta." O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que Lula pediu a união dos aliados para enfrentar o tiroteio dos adversários. "Se dependesse da oposição, Dilma iria para o Casaquistão", brincou Jucá. O pedido do presidente, porém, foi mais amplo do que as picuinhas em torno de sua sucessão. Motivo: Lula está preocupado com a continuidade da disputa entre o PT e o PMDB pela partilha de comissões no Senado. "Ele quer que os aliados na Câmara e no Senado conversem e se entendam nas votações, para não haver diferença de posicionamento entre partidos e bancadas", contou Jucá. Para o senador, o encontro de ontem foi como "um pré-aquecimento antes da entrada dos jogadores em campo". BALANÇO Diante de líderes e presidentes de partidos da base aliada, o presidente também informou que fará amanhã uma grande reunião com ministros da área social para divulgar o balanço das ações do governo. No diagnóstico de Lula, a aprovação de sua gestão e a escolha de seu sucessor estão diretamente relacionados ao êxito das medidas que serão tomadas na área social para combater a crise.

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