Dois pontos chamaram minha atenção (portanto, esta é uma visão pessoal e não um resumo do que foi dito) no painel que moderei no Summit do Estado. Ambos me pareceram relevantes dentro do que foi dito por Michael Greenspon, líder de licenciamento e inovação de mídia impressa do The New York Times, e João Caminoto, diretor de jornalismo do Estado: as grandes empresas jornalísticas estão empenhadas em recuperar seu tradicional papel de guardiãs da chamada veracidade objetiva dos fatos e são essenciais no combate ao fenômeno das fake news.
Isso se dá pelo aperfeiçoamento do que sempre foi seu principal empenho: a prática do jornalismo profissional de qualidade. Os painelistas reconheceram que é fundamental o respeito ao público e o abandono de qualquer postura de “paternalismo” ou de “tutela” da audiência. Como assinalou Caminoto, esse tipo de correção de rumo implica reconhecer um grau antes inexistente de interação com o leitor. Da mesma maneira, o ambiente político no qual populistas e oportunistas fazem do ataque indiscriminado a empresas jornalísticas um pilar da sua busca por simpatias e audiências – causando severo prejuízo ao funcionamento geral de sistemas democráticos – impõe ainda maior ênfase na publicação de informações checadas e opiniões qualificadas. O clima político que tanto nos Estados Unidos como no Brasil é caracterizado em parte pelo empenho direto de personagens de várias colorações e agrupamentos em ganhar projeção através da desqualificação do jornalismo profissional. A luta contra o que genericamente se chamaria de “desinformação” depende, porém, da participação dedicada das grandes plataformas que compõem as redes sociais. O impacto sobretudo em termos de alcance dessas gigantes supera em muito as mídias tradicionais. O esforço de “filtragem” ou “checagem” de informações que trafegam por essas redes não terá qualquer êxito, se não for efetivamente realizado pelas plataformas gigantes.