O ocaso político de Leonel Brizola

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Por Agencia Estado
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Da primeira eleição para o governo do Rio de Janeiro, em 1982, ao modesto quarto lugar nas eleições para prefeito da capital, em 1996, Leonel de Moura Brizola, que morreu nesta segunda-feira, passou da condição de maior líder popular do Estado à de chefe de um partido que perdia votos, parlamentares e prefeituras a cada eleição. A aproximação de Brizola com o então presidente Fernando Collor de Melo, envolvido em acusações de corrupção, em 1992, foi uma grande decepção do eleitorado brizolista e principalmente para políticos do PDT. Brizola tinha sido novamente eleito governador do Rio em 1990 e, já no primeiro ano de governo, aproximou-se de Collor. Já em pleno processo de impeachment, disse que o presidente estava sofrendo um "golpe" e foi um crítico severo da CPI que investigava o esquema PC Farias. Dois anos antes, em 1989, Brizola estava ao lado do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, contra Collor, no segundo turno das eleições presidenciais. A decisão de apoiar o petista, porém, não foi fácil. Em 1986, Brizola não conseguiu eleger Darci Ribeiro seu sucessor no governo do Rio. Mas recuperou-se da derrota e em 1989 lançou-se candidato à Presidência. Foi pego por duas surpresas. Primeiro, o fenômeno eleitoral do ex-governador de Alagoas Fernando Collor. Depois, a votação de Lula, que teve 454 mil votos a mais que Brizola e chegou ao segundo turno. Fora da disputa, Brizola foi cortejado por Lula, mas custou a anunciar o apoio ao petista. A adesão aconteceu na convenção do partido em que o pedetista disse a famosa frase: "Cá para nós: um político de antigamente, o senador Pinheiro Machado, dizia que a política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante agora fazer a elite brasileira engolir o Lula, o sapo barbudo?" Em 1994, Brizola tentou a Presidência mais uma vez e foi derrotado. A essa altura, o PDT já amargava o ostracismo e muitos políticos haviam deixado o partido, depois de se desentenderem com Brizola. Nas eleições presidenciais de 1998, Brizola aceitou ser candidato a vice de Lula, consolidando a aliança PT-PDT, mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito. Daí em diante, a participação de Brizola foi a de político respeitado que recebia visita de antigos desafetos e novos correligionários, elogiava um, criticava outro, mas suas palavras já não tinham peso no cenário nacional. Nas eleições de 2002, optou pela aliança em torno do candidato do PPS, Ciro Gomes. A participação na campanha foi discreta. Nos últimos meses, recebeu em sua casa, em Copacabana, os presidentes do PFL, Jorge Bornhausen, e do PSDB, José Serra. Falaram em uma frente contra o governo Lula.

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