"O governo é um só", diz Moro sobre ações de combate ao coronavírus

Ministro adota linha semelhante à do vice-presidente Hamilton Mourão e prega união; segundo ele, Bolsonaro não interferiu em portaria que restringiu entrada de estrangeiros

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Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse que "o momento é de união" e, depois de autorizar o uso da Força Nacional para apoiar as ações do Ministério da Saúde no combate ao coronavírus, adotou uma linha semelhante à do vice-presidente Hamilton Mourão na semana passada: "O governo é um só".

O ministro corrigiu inclusive uma informação da coluna "Chacoalhada", publicada na edição desta terça-feira, 31, no Estado. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro não interferiu na portaria do dia 20 de março que restringiu a entrada, por via aérea, de estrangeiros de 12 blocos e países e foi criticada por preservar a entrada de cidadãos dos EUA, então o sexto país em número de contaminados pelo coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, durante cerimonia do Dia do Soldado,no QG do Exército Foto: DIDA SAMPAIO / ESTADÃO

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“Não houve interferência do presidente”, disse Moro, garantindo que a decisão foi do Ministério da Justiça e explicando que nenhum país das Américas havia sofrido restrição e não havia, então, motivo para limitar só a entrada de cidadãos dos EUA.

Por telefone, Moro disse que a ação da Força Nacional será coordenada com o Ministério da Saúde, com deslocamentos pelo País a pedido do ministério e em sintonia com os governos estaduais. A intenção é fazer a escolta de agentes de saúde em lugares inseguros e do transporte e distribuição de medicamentos e instrumentos onde for necessário. Seguindo o exemplo das Forças Armadas, a Força Nacional também deverá participar de ações de higienização de lugares públicos de grande movimento, como rodoviárias.

Conforme o Estado apurou, por trás da decisão há também o temor de saques e manifestações violentas nas ruas, em função do alto nível de tensão, do grande número de pessoas sem renda durante a pandemia e do próprio ambiente político. Moro, porém, não quis se manifestar sobre essa possibilidade.

“É um temor abstrato e não devemos falar sobre isso, para evitar que a profecia se autorrealize”, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, ressaltando que atualmente não há nada nesse sentido e que o uso da Força Nacional reforça a coordenação entre os vários órgãos do governo. “Como, aliás, já se viu ontem durante a entrevista coletiva sobre o coronavírus”, disse, em relação à entrevista em que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estava acompanhado de outros colegas de Esplanada.

Na opinião de Moro, é preciso seguir as orientações do Ministério da Saúde para conter a contaminação e minimizar os índices de letalidade do coronavírus, mas é importante também se preocupar com aqueles que, como os ambulantes, precisam ir às ruas para ganhar seu sustento.

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