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O bate-boca de Suplicy e Ornélas

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Por Agencia Estado
Atualização:

O relógio do Conselho de Ética do Senado passava das 19 horas quando o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) iniciou um bate-boca com o colega Waldeck Ornélas (PFL-BA), ex-ministro da Previdência indicado por Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Na primeira fileira da platéia, Suplicy quis saber de ACM como ele agiria se fosse presidente da República e o líder do governo estivesse envolvido na violação do painel de votações. "Isso não tem nada a ver com a acareação", interrompeu Ornélas, irritado. "O senhor está querendo induzir a resposta." Suplicy, que costuma ser calmo, elevou o tom de voz e pediu para o ex-ministro ficar quieto. "Por que o senhor está preocupado com as minhas perguntas?", indagou. Ornélas falou ainda mais alto. "Fique quieto!", encerrou a senadora Marina Silva (PT-AC). "O senhor não é presidente, não é relator e não pode interferir", disse a Ornélas. Tumulto formado, o presidente do Conselho de Ética, Ramez Tebet (PMDB-MS), pediu a seus pares que mantivessem a conduta. A campainha tocava. Suplicy reclamava que ACM tinha muitos "advogados" na platéia que estavam atrapalhando o bom andamento dos trabalhos. Com tanta confusão, ACM aproveitou um engano de Suplicy na formulação da pergunta para desconversar. O ex-líder do governo José Roberto Arruda (sem partido-DF) afirmou, mais uma vez, que não revelou nada ao presidente da República porque a cassação do senador Luiz Estevão não era assunto que interessasse ao Palácio do Planalto. Às 20h30, a senadora Emília Fernandes (PT-RS) entrou em atrito com a ex-diretora do Serviço de Processamento de Dados do Senado (Prodasen) Regina Borges. Emília estava exaltada. Queria saber detalhes da ordem que Arruda teria dado a ela, em nome de ACM, para quebrar o sigilo da votação que cassou Luiz Estevão. Regina explicava, mas Emília não entendia. "Não sou nenhuma idiota", gritou a senadora. "Tenha coragem! Mantenha sua palavra, pelo amor de Deus!" ACM mostrava-se inconformado. "Assim não dá!", repetia. O senador Roberto Freire (PPS-PE) afirmou que se vivia no Senado uma cena de "constrangimento nacional", com um confronto entre dois ilustres senadores. "Vamos sair daqui sabendo qual é a verdade, a meia-verdade, a mentira e a meia-mentira", argumentou. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) discordou. "Lamentavelmente, está zero a zero." Para ele, nenhum dos depoentes alterou "uma vírgula" de suas histórias. "Mas todos os fatos que aconteceram estão conclusos: doutora Regina é culpada, o líder do governo é culpado de qualquer jeito", notou. Depois, olhando fixamente para ACM, Simon concluiu: "O senhor teve uma lista dessas nas mãos e não rasgou nem ficou doente?"

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