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Novo presidente do BNDES é ligado a Mantega

Sua nomeação para cheficar o BNDES mostra que a linha do banco continuará exatamente a mesma adotada por Guido Mantega, que sai para assumiro o Ministério da Fazenda

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em meio à turbulenta substituição no Ministério da Fazenda, a solução encontrada para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômica e Social (BNDES) foi a mais "caseira" possível. Demian Fiocca, que foi o homem-forte de Guido Mantega no Ministério do Planejamento, onde ocupou a chefia da assessoria econômica, o acompanhou na transferência para o banco como vice-presidente e compartilha da mesma visão desenvolvimentista. Agora, assume a presidência do banco com o mesmo discurso de redução dos juros para incentivar o investimento. As demais mudanças esperadas no banco devem seguir a mesma linha "doméstica". Ainda perplexos com as mudanças anunciadas - embora o nome de Mantega já tivesse aparecido como o provável sucessor de Antonio Palocci, os detalhes no processo de afastamento do ministro causaram surpresa - funcionários ouvidos pelo Estado apostaram na indicação de Maurício Borges Lemos, atual diretor da área social do banco, para a vice-presidência. Élvio Gaspar, também levado por Mantega do Planejamento para o BNDES, onde ocupa a chefia de gabinete da presidência, é candidato a assumir a vaga que será aberta na diretoria. Todas as indicações feitas para o banco durante o governo Lula deixam claro que, apesar de vinculado formalmente ao Ministério do Desenvolvimento, o BNDES vem mantendo autonomia em relação à pasta do ministro Luiz Fernando Furlan, mostrando-se mais próximo a ministérios como a Casa Civil e o Planejamento. O economista Demian Fiocca, que coordenou a concepção do projeto das Parcerias Público-Privadas (PPPs) assumiu o cargo no BNDES sob a expectativa do mercado de tirar o projeto do papel. Transformado em lei há mais de um ano, o projeto, que seria uma das principais vitrines da gestão petista, ainda não decolou. Perfil Demian Fiocca define-se como um técnico. E é. Economista formado pela Universidade de São Paulo (USP), em 1990, dificilmente ele concorda em emitir publicamente opiniões políticas. Mas, é estreitamente afinado com a linha política de Guido Mantega. Aos 37 anos, Fiocca é o mais jovem presidente do BNDES. Ele toma posse nesta terça-feira, em cerimônia marcada para as 15h, em Brasília. Está no banco desde novembro de 2004, a convite de Mantega, que assumira o cargo em substituição a Carlos Lessa, depois do duelo público entre Lessa e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Assim como o ex-chefe Mantega, Fiocca também faz repetidos ataques à manutenção dos juros altos, principalmente em relação à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada como referência para os empréstimos do banco. Mas faz questão de manter a retórica acadêmica. Sua manutenção no BNDES mostra que a linha do banco continuará exatamente a mesma. É mais uma forma de indicar que não haverá guinada política na condução da economia. Meticuloso, Demian Fiocca faz questão de participar pessoalmente de diversos questionamentos no banco. O embate travado entre Mantega e o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin - hoje candidato à presidência pelo PSDB - em torno do financiamento à obra de ampliação do metrô teve intensa participação de Fiocca. Foi ele quem levantou as questões técnicas que dificultavam o acesso do governo paulista ao crédito do banco estatal e também quem ajudou a encontrar uma solução conciliatória. Antes de ingressar no governo, atuou na iniciativa privada. Foi economista-chefe do banco HSBC, de 1998 a 2000 e diretor da área de pesquisa econômica do Grupo Telefônica, entre 2000 e 2003.

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