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Nova ‘Caso da Vale assusta os que temem estatismo’, diz cientista político

Professor Leôncio Martins Rodrigues avalia intervenção estatal nos primeiros 100 dias de Dilma

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Por Redação
Atualização:

Para o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, os primeiros 100 dias de Dilma na Presidência apontam na direção de uma maior independência em relação a Lula. Sobre o caso da troca do presidente da Vale do Rio do Doce, Rodrigues observa indícios de intervencionismo estatal.

 

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Há sinais de fortalecimento do intervencionismo estatal e do autoritarismo com Dilma?

Do autoritarismo parece-me que não. Já no caso do intervencionismo estatal o caso da Vale assusta um pouco os que temem avanços do estatismo. Sistemas políticos de tipo totalitário estão associados ao estatismo, como mostram os casos do fascismo italiano e, especialmente, do nacional-socialismo alemão e do socialismo soviético. A favor da Dilma cumpre lembrar que ela herdou uma situação vinda do governo Lula.

 

Quem manda? Dilma ou Lula?

Dilma. E a tendência será de que ela mande ainda mais.

 

A mulher que chegou à Presidência adquiriu força política?

Acho que vem aumentando sua força política. A ideia de que ela seria marionete de Lula não encontra evidências na carreira de Dilma. Ela não começou a carreira ligada a Lula ou ao PT, mas sim ao PDT brizolista.

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Dilma no poder representa o 3º mandato de Lula, como o sr. argumentou que poderia ocorrer?

Era o que parecia quando Lula se engajou fortemente na campanha da Dilma. Mas me lembro que insisti no fato de que, se Dilma ficasse como uma sombra de Lula, teria toda autoridade rebaixada. Ela não poderia aceitar essa situação. Se as pesquisas mostrarem que, ao fim do mandato, a presidente estiver mais bem cotada do que Lula, será difícil que ela (e o grupo que estiver ao seu lado) abram mão de tentar a reeleição.

 

O silêncio de Lula sobre rumos do atual governo ajuda Dilma?

Lula não está tão calado assim. Nem poderá ficar. Será estimulado constantemente a palpitar sobre o Brasil e o mundo.

 

Criador e criatura vão se entender sobre a disputa de 2014?

Não sei dizer. Lideranças políticas sempre são muito ambiciosas e amam o poder. Dilma está marcando um estilo discreto e tomando outras posições que encantam os setores mais intelectualizados que já não suportavam os excessos do discurso lulista. Se ela conservar os eleitores chamados de classe C e D e a eles acrescentar camadas das classes médias cultas, será imbatível na disputa.

 

A ênfase de Dilma na gestão não contrasta com o ministério montado por ela (nomes políticos sem expressão)?

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Sim, mas para formar seu ministério ela teve que levar em conta a situação estabelecida dentro e fora do Congresso. Creio que uma reforma ministerial tem muita chance de ocorrer depois das eleições municipais.

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