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Notas frias e empresas fantasmas podem complicar Renan

Documentos com irregularidades foram entregues à perícia da PF, cujo laudo será entregue em 20 dias

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

A existência de notas fiscais frias, inclusive de empresas que sequer existem, entre os documentos entregues à perícia da Polícia Federal, pode complicar a defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Renan responde a processo por quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa sob acusação de ter despesas pessoais pagar por um lobista. Veja também: Cronologia do caso Renan Renan diz que não será novo 'Severino'; caso completa 2 meses Entre os papéis duvidosos estão as notas emitidas pelos frigoríficos GF Silva e Carnal Carnes, cujas inscrições na Fazenda estadual estão extintas. Os documentos dessas duas empresas já haviam sido reprovados em laudo parcial feito pela PF em 19 de junho. O Instituto Nacional de Criminalística (INC) começou nesta quarta-feira, 25, a contagem regressiva de 20 dias para concluir a perícia definitiva nos documentos, com os quais Renan tenta provar que provém de suas rendas agropecuárias o dinheiro usado no pagamento de pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. O processo será retomado em agosto, na volta do recesso parlamentar e o laudo do INC será peça chave para o julgamento. A perícia engloba 30 questões formuladas pelo Conselho, abrangendo a autenticidade dos documentos e a comprovação das operações com gado. Renan alega ter faturado R$ 1,9 milhão em quatro anos com a venda de bois. O conselho pediu à PF para analisar a evolução patrimonial do senador de 2003 para cá e conferir as provas de que saiu da conta dele o dinheiro da pensão. Como Renan alega que a pensão era paga em espécie, o conselho quer saber, ao menos, se o dinheiro da venda dos bois foi depositado na conta dele. Renan postergou o quanto pode a investigação e usou o recesso para reforçar a defesa. Nesta quarta, ele foi para Alagoas, onde fica até o fim de semana em contatos políticos com prefeitos e aliados, na tentativa de explicar a delicada situação que enfrenta. Ele alegou inocência e garantiu aos aliados que não renunciará à presidência do Senado ou ao mandato. Inconsistências Na primeira perícia, a PF havia diagnosticado mais de 20 inconsistências na documentação de defesa do senador, entre as quais incompatibilidade na cronologia entre as datas das operações com os cheques de pagamento e os recibos. Notou também que vários recibos eram frios. O Senado, encomendou uma perícia completa, mas uma série de manobras protelatórias adiou o início dos trabalhos. As declarações de renda dos últimos quatro anos do senador foram juntadas aos demais documentos a serem periciados - notas fiscais de venda de gado (com canhotos), recibos de pagamento, atestado de vacina do rebanho, livro-caixa das propriedades e guias de trânsito animal (GTAs).

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