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'Nós já deveríamos estar unidos', diz Moro sobre pré-candidatos da terceira via

Ex-ministro da Justiça fez defesa do seu nome em evento do BTG Pactual; para ele, 'não faz sentido' se ele é que tem o maior potencial para vencer em extremos

Foto do author Giordanna Neves
Por Giordanna Neves (Broadcast) e Matheus de Souza
Atualização:

O pré-candidato à Presidência da República Sérgio Moro (Podemos) afirmou que é essencial a união da chamada "terceira via", especialmente de candidatos pró-reformas, para enfrentar extremos. Como exemplo, o ex-juiz citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo Moro, esse grupo já deveria estar unido e é "ilusão achar que temos todo o tempo do mundo".

 "A gente precisa se unir, acho que isso é urgente, eu faria isso de bom grado", disse, ressaltando, no entanto, que ele se posiciona em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto à disputa ao Planalto e "não faz sentido abdicar da pré-candidatura se ela tem o maior potencial para vencer extremos", completou, durante evento do BTG Pactual.

'Tenho apreço pessoal por (Paulo) Guedes, ele é um liberal, mas é um liberal que está em um governo iliberal', disse Moro no evento do BTG Pactual. Foto: Dida Sampaio/ Estadão

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Logo após o ex-ministro, foi a vez de Doria discursar no evento. Sobre a declaração do Moro, o pré-candidato paulista também defendeu uma aliança dos candidatos da terceira via: "Estamos na mesma linha, no mesmo objetivo, no mesmo campo".

'Temos no nosso DNA as reformas que precisam ser feitas no País', diz Moro

No mesmo evento do BTG Pactual, Moro voltou a se apresentar como um candidato reformista. "Não quero revogar reformas e nem abandonar reformas. Temos no nosso DNA as reformas que precisam ser feitas para modernizar o País", disse. 

Na lista de reformas almejadas pelo ex-juiz estão a tributária, administrativa e um "pacote ético", no qual defende pautas como o fim da reeleição. Segundo ele, as pautas foram abandonadas não por culpa do Supremo Tribunal Federal ou Congresso, mas sim de “lideranças não reformistas".

Na temática tributária, Moro defende, já para 2023, a unificação dos taxas e impostos sobre consumo, sendo mais simpático a proposta de IVA federal. "Prefiro a simplicidade em relação a esse tema", explicou, reforçando a necessidade de garantir segurança jurídica e previsibilidade para promover crescimento econômico sustentável. Em relação à proposta de taxação sobre grandes fortunas, o pré-candidato afirmou que é preciso analisar se esse tributo aprofundará a evasão fiscal.

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Questionado sobre proposta administrativa, Moro avalia que o principal objetivo do projeto é alcançar serviço público de qualidade, desenvolvendo um regime de treinamento, incentivo e capacitação para garantir o bom desempenho dos servidores. De acordo com ele, deve haver também uma forma de “expelir” os servidores que não respondem a esses estímulos. “O foco nunca é demitir, mas incentivar para ter um serviço público de qualidade”, explicou.

Sobre a reforma administrativa discutida atualmente no Congresso, o ex-juiz classifica como “ruim” e como maneira “de fingir que está fazendo reforma”. Em relação ao pacote ético, Moro defende duas propostas: fim da reeleição para presidente da República, já para o próximo mandato, a partir de 2023, e o fim do foro privilegiado para todos os políticos. “Boa parte da nossa incapacidade de crescer, de ter crescimento sustentável e inclusivo é o fato de que construímos um sistema de privilégios”, disse.

Por fim, ele reafirmou ser favorável a privatização de tudo que for possível. “Eu confio mais no setor privado. Acho que crescimento, inovação e criatividade vêm do setor privado, mas o estado tem um papel regulador importante”, ponderou. Segundo ele, o Estado deve assegurar ambiente de negócios saudável e competição leal.

Moro ainda disse que as agendas do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente Jair Bolsonaro são "completamente diferentes". "Tenho apreço pessoal por Guedes, ele é um liberal, mas é um liberal que está em um governo iliberal, em vários aspectos. Então, não tem como funcionar", afirmou o ex-ministro da Justiça.

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