RIO - O ganhador do prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel pretende visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva , condenado e preso na Operação Lava Jato, na Polícia Federal, em Curitiba, nesta sexta-feira, 20.O argentino, de 86 anos,que recebeu o prêmio em 1980 por sua luta contra as ditaduras militares na América Latina, está propondo a candidatura de Lula ao Nobel da paz – proposta que será oficializada em setembro, quando a academia sueca recebe as propostas.
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“Nenhum governo do mundo tirou da pobreza extrema 36 milhões de pessoas; e isso foi reconhecido pelas Nações Unidas, pela Organização dos Estados Americanos (OEA), e até por meios de comunicação contrários a Lula. Esse foi o grande pecado de Lula? Tirar a maioria da população da pobreza? Por isso está preso? Por isso não pode concorrer nas próximas eleições? Isso é infame. Não podemos tolerar”, afirmou Esquivel. “Vou para Curitiba na quinta-feira e vou pedir autorização ao juiz Sérgio Moro para que possa visitar Lula. Espero que ele conceda porque Lula não pode ficar isolado, sem comunicação.”
Esquivel afirmou que, em breve, viajará para Espanha, Itália, Alemanha e França, onde buscará o apoio de outros quatro ganhadores do Nobel da Paz para endossarem, junto com ele, a candidatura de Lula.
O ganhador do Prêmio Nobel da Paz visitou nesta terça-feira, 17, o Museu da Maré, no Complexo da Maré. Ali onde prestou homenagem e solidariedade à vereadora Marielle Franco (PSOL) e ao motorista Anderson Gomes, assassinados no dia 14 de março.
Segundo Esquivel, a democracia na América Latina de uma forma geral está ameaçada.
“Lula foi preso sem elementos jurídicos reais”, disse Esquivel. “E isso não é novo; trata-se da metodologia do golpe de Estado branco, como chamamos, já aconteceu também em Honduras, na Venezuela, na Bolívia.”
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Esquivel explicou que, no passado, os golpes eram dados pelas Forças Armadas, que implantaram ditaduras em vários países.
“Com o esgotamento desse modelo, foram lançadas outras formas de controlar a sociedade, com juízes aliados do sistema, deputados e senadores; é a mesma metodologia sendo usada em vários países e, agora, no Brasil”, disse Esquivel. “E isso não é casual, tem a ver com a política dos Estados Unidos para toda a América Latina. É um plano perfeitamente estruturado, não podemos nos enganar.”