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Nobel da Paz quer visitar Lula em Curitiba

Argentino Adolfo Perez Esquivel, conhecido por sua luta contra as ditaduras militares na América Latina, está propondo a candidatura de Lula ao prêmio

Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO -  O ganhador do prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel pretende visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva , condenado e preso na Operação Lava Jato, na Polícia Federal, em Curitiba, nesta sexta-feira, 20.O argentino, de 86 anos,que recebeu o prêmio em 1980 por sua luta contra as ditaduras militares na América Latina, está propondo a candidatura de Lula ao Nobel da paz – proposta que será oficializada em setembro, quando a academia sueca recebe as propostas.

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“Nenhum governo do mundo tirou da pobreza extrema 36 milhões de pessoas; e isso foi reconhecido pelas Nações Unidas, pela Organização dos Estados Americanos (OEA), e até por meios de comunicação contrários a Lula. Esse foi o grande pecado de Lula? Tirar a maioria da população da pobreza? Por isso está preso? Por isso não pode concorrer nas próximas eleições? Isso é infame. Não podemos tolerar”, afirmou Esquivel. “Vou para Curitiba na quinta-feira e vou pedir autorização ao juiz Sérgio Moro para que possa visitar Lula. Espero que ele conceda porque Lula não pode ficar isolado, sem comunicação.”

A presidente cassada Dilma Rousseff durante audiência com Adolfo Perez Esquivel, premio Nobel da Paz, em 2016 Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Esquivel afirmou que, em breve, viajará para Espanha, Itália, Alemanha e França, onde buscará o apoio de outros quatro ganhadores do Nobel da Paz para endossarem, junto com ele, a candidatura de Lula.

O ganhador do Prêmio Nobel da Paz visitou nesta terça-feira, 17, o Museu da Maré, no Complexo da Maré. Ali onde prestou homenagem e solidariedade à vereadora Marielle Franco (PSOL) e ao motorista Anderson Gomes, assassinados no dia 14 de março.

Segundo Esquivel, a democracia na América Latina de uma forma geral está ameaçada.

“Lula foi preso sem elementos jurídicos reais”, disse Esquivel. “E isso não é novo; trata-se da metodologia do golpe de Estado branco, como chamamos, já aconteceu também em Honduras, na Venezuela, na Bolívia.”

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Esquivel explicou que, no passado, os golpes eram dados pelas Forças Armadas, que implantaram ditaduras em vários países.

“Com o esgotamento desse modelo, foram lançadas outras formas de controlar a sociedade, com juízes aliados do sistema, deputados e senadores; é a mesma metodologia sendo usada em vários países e, agora, no Brasil”, disse Esquivel. “E isso não é casual, tem a ver com a política dos Estados Unidos para toda a América Latina. É um plano perfeitamente estruturado, não podemos nos enganar.”

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