Em uma nova estratégia, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) cobra responsabilidade do DEM sobre a crise no Senado, levantando o fato de que o partido teve a "chave do cofre" nos últimos 14 anos, em referência ao comando da primeira-secretaria da Casa, reduto do partido, e está envolvida em várias denúncias de irregularidade e corrupção porque é por lá que passam todos os contratos de serviços, empresas e pessoal.
"O DEM teve a chave do cofre nos últimos 14 anos e agora dizem que não tem nada a ver com a crise. (..) Nesses 14 anos de atos secretos, Sarney foi presidente por 4 anos. E o resto do tempo é uma indagação. O DEM também tem que explicar isso", explicou em seu twitter.
Por volta das 15 horas, Mercadante subiu ao plenário para confirmar o que já havia antecipado no site de microblogs. "A responsabilidade não é de um só presidente (do Senado). É mais longo o período, senão reduziríamos a crise do Senado a um único senador (..) Muitas mãos se passaram por essa Mesa (..) Precisamos a aliança na base, não há governabilidade sem o PMDB, não há", disse.
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A primeira-secretaria é hoje comandada por Heráclito Fortes (PI) e já foi chefiada por outros dois senadores da cota do DEM: Efraim Moraes (PB) e Romeu Tuma, hoje no PTB.
Entre as decisões tomadas por Heráclito, está a escolha de Haroldo Tajra e Dóris Peixoto para as diretorias geral e de Recursos Humanos, respectivamente, no lugar de Alexandre Gazineo e Ralph Campos. Entre os motivos da descrença de que as demissões de diretores gerem mudança estão as ligações políticas dos substitutos. Eles foram escalados para "cumprir missão por 90 dias" - período em que ficarão como interinos nos cargos.
Mercadante critica também a retirada do apoio do DEM ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). "O PT não votou no senador Sarney para a presidência da Casa, não o apoiou. Mas não vai se comportar como os Democratas", afirma na rede.
Na terça-feira, os 14 senadores do DEM fecharam posição em favor do afastamento de Sarney até que todas as denúncias contra ele sejam apuradas. DEM apoiou a candidatura de Sarney contra o petista Tião Viana (PT-AC), no começo deste ano.
Conforme reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Sarney é um dos parlamentares citados entre os que teriam parentes beneficiados por meio de atos secretos adotados para criação de cargos, nomeações e aumentos salariais. Além disso, o esquema de crédito consignado no Senado, alvo de investigação da Polícia Federal (PF), inclui entre seus operadores José Adriano Cordeiro Sarney, neto do presidente da Casa. O peemedebista já perdeu os apoios pela sua manutenção no cargo do PSDB, do DEM, do PDT e, hoje, do PT.
Texto atualizado às 15h30