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No Twitter, Temer nega que esteja negociando cargos e diz que não interfere na Justiça

'Nós do Executivo, Legislativo e Judiciário somos apenas exercentes do poder; o poder não é nosso, o poder é do povo', diz o vice-presidente

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Por , Isadora Peron e Alexa Salomão
Atualização:

BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), quebrou o silêncio dos últimos dias e, na primeira manifestação pública pós-rompimento do seu partido com o governo, utilizou as redes sociais para negar, nesta quinta-feira, 31, que esteja negociando cargos caso assuma o mandato se houver o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). "Outro registro que quero fazer é que eu já estaria negociando cargos, recebendo parlamentares e partidos para fazer negociação de cargos. Sou muito procurado, mas não trato desse assunto. Não trato sequer do assunto do que possa ou não possa acontecer", relatou o vice-presidente em uma série com oito posts no Twitter.

Temer negou ainda que esteja interferindo na Justiça, uma referência às notícias que ele articularia o fim da Operação Lava Jato caso assuma o governo. "Isso eu jamais faria". O vice-presidente lembrou que seu primeiro mandato na Câmara foi como deputado federal constituinte na comissão que discutiu o Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. "Ajudei a estruturar essas instituições. Tenho também formação jurídica, no particular, voltada para o Direito Constitucional", informou o vice-presidente.

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Segundo Temer, no País, cada um cumpre a sua função. "Tenho salientado que nós do Executivo, Legislativo e Judiciário somos apenas exercentes do poder; o poder não é nosso, o poder é do povo. Então, registro com muita ênfase que sou muito atento à institucionalidade e, portanto, jamais haveria de influenciar outro poder", completou.

O vice-presidente está em São Paulo desde terça-feira, quando o PMDB rompeu com Dilma e deve ficar na capital paulista nos próximos dias, segundo assessores. Nesta quinta-feira, Temer se reuniu com empresários em um almoço organizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com mais 30 executivos e empresários dos mais diversos setores. Além do presidente da entidade, Pedro Wongtschowski, da Ultrapar, estavam presentes os empresários Dan Ioschpe, da indústria de autopeças Iochpe-Maxion Pedro Passos; outros da indústria de cosméticos Natura; Flávio Rocha, da rede varejo Riachuelo; Josué Gomes da Silva, da indústria Têxtil Coteminas. 

Para o grupo, Temer também fez questão de reforçar que não pretende intervir nas investigação da Lava Jato. A maior parte do almoço, porém, foi dedicada a enfatizar que o partido defende as medidas apresentadas no documento “Uma ponte para o futuro”, lançado no final do ano passado, com propostas de mudanças na área econômica. 

“Ele foi estabelecer uma ponte”, definiu um dos presentes. O tom das declarações do vice-presidente foi considerado “mais liberal” que o usual. Segundo interlocutores, Temer se colocou como “um conciliador para acalmar os ânimos”, mas a visão geral é que, ainda assim, até o momento, é difícil imaginá-lo como um “reformista”, caso venha a assumir um eventual governo de transição – e reformas são consideradas uma prioridade para tirar o País da crise.

O tema mais delicado ficou de fora da agenda. Temer não falou em aumento de impostos e a volta da CPMF. Ninguém também enveredou na discussão, considerada essencial para a maioria dos executivos. 

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Entre as propostas do documento que ele enfatizou estava, na área fiscal, a adoção do orçamento base zero e a criação de uma “autoridade orçamentária” para acompanhar os gastos e investimentos do governo. 

Temer também destacou a importância de uma “repactuação federativa” para descentralizar o governo. Destacou ainda que considera prioridade a adoção de medidas que possam incrementar as concessões públicas, inclusive com parcerias